quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Respeito aos Mortos


                                            

       Enganam-se aqueles que denegam direitos humanitários aos mortos e àqueles entes mais próximos, quando a morte os priva da companhia e da presença de um irmão, filho ou outro parente mais chegado. A prisão, quando decretada, impõe decerto sacrifício dos chamados apenados, mas há um limite para tanto, limite esse que é ditado pelo respeito que é devido a tais situações, que aproximam nas humanas contingências a to-dos, a quem, em qualquer situação que se encontre, é devido respeito e as atenções especiais, com que a morte é saudada, pela simples circunstância de ser um acidente a todos comum, e que por isso não deve ser agravado com restrições suplementares.

        A defesa de Lula havia recorrido ao Supremo, depois que a juíza da Vara de Execuções Penais de Curitiba, Carolina Lebbos, e o desembargador Leandro Paulsen, do Tribunal Regional Federal da 4ª  Região (TRF-4), terem negado o pedido do petista para ir ao sepultamento. A decisão de Paulsen foi às 5h da manhã de ontem.
           A notícia de que Toffoli havia autorizado que o corpo de Vavá fosse levado até uma base militar chegou quando o cortejo já havia saído da capela rumo ao túmulo.
            Antes de o ministro conceder um habeas corpus de ofício, Lebbos havia acolhido a mani-festação do MPF e seguido ofício da Polícia Federal, que havia negado, em decisão administrativa, a presença do petista no enterro. Lula, entrou com habeas corpus no TRF-4. Paulsen negou.  Um dos argumentos foi a falta de helicópteros para fazer o transporte do ex-presidente de Curitiba a São Bernardo do Campo.

             Na sua decisão, Toffoli frisou que, segundo a P.F., não havia tempo hábil para o deslocamento de Lula ao local do sepultamento, além dos riscos à seguranças dos presentes. Sem embargo, segundo o Presidente do STF, isso não poderia "obstar o cumprimento de um direito assegurado àqueles que estão submetidos a regime de cumprimento de pena".
               "Por essas razões, concedo ordem de habeas corpus de ofício, para na forma da lei, assegurar ao requerente Luiz Inácio Lula da Silva, o direito de se encontrar com os seus familiares, na data de hoje, em Unidade Militar da Região, inclusive com a possibilidade do corpo ser levado à referida unidade militar", escreveu Toffoli.

               O ministro autorizou um advogado a acompanhar Lula, mas vetou o uso de celulares e de outros meios de comunicação externos. Também proibiu jornalistas na unidade militar e declarações públicas por parte do ex-presidente.

                O advogado Manoel Caetano Ferreira, da defesa de Lula, disse que a decisão foi "inócua". ''Proferida quando o corpo já estava baixando a sepultura, o enterro já estava acontecendo." "Então, a decisão não tem mesmo como ser cumprida". Ele disse ainda que seria um "vexame" o ex-presidente encontrar a família em uma unidade militar.
                     Dados do Departamento Penitenciário, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, mos-tram que presídios federais e estaduais expediram, de 2014 a junho de 2016, 386 mil permissões para os detentos irem a velórios ou tratar de doenças.


Comentários de pessoas ligadas a Lula.

                    Consoante registra o Estado de S. Paulo, a série de decisões da Justiça, MPF e a Polícia Federal que inviabilizou a ida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao funeral de seu irmão Genivaldo Inácio da Silva,o Vavá, serviu de base para que aliados,simpatizantes, familiares e o próprio Presidente Lula reforçassem o discurso da perseguição política.

                      Segundo relato da presidente do PT, a senadora e deputada federal eleita Gleisi Hoffmann, à Agência PT de Notícias, Lula disse ontem que foi impedido de ir ao velório do irmão Vavá  por "pura maldade".

                      "É uma situação ridícula. Em todo país civilizado onde há democracia e até zonas de conflito sempre se respeitou os mortos", disse José Gomes da Silva, o Frei Chico, irmão mais velho e responsável por iniciar o ex-presidente na política sindical.

                         O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) criticou a decisão do presidente do STF, Dias Toffoli. "Lula não pode ser visto nem ouvido. A decisão saíu no meio do se-pultamento. Queriam o quê? Que tirassem o corpo do túmulo?"!


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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