quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

A crise se aboleta na Casa Branca


                                            
           Não é segredo para ninguém que o Presidente Donald Trump ora enfrenta uma crise que dia a dia se torna maior do que a figura presidencial.
             Longe vão os dias em que, seja no bully pulpit, seja no Salão Oval, vozes graves e compassadas atravessavam crises que confrontam a Nação e volvendo-se com a naturalidade de líder nacional, o presidente da Nação americana pedia a atenção de um sem número de pessoas - hoje através da televisão, no passado pelo rádio - para expor-lhes um determinado problema e encarecer do Povo americano o necessário apoio em uma hora difícil.
              Pois seriam ouvidos com interesse, até um pouco de emoção, e participação. Inteirados da gravidade da questão, o líder nacional não deixaria de passar em revista a questão que ora os trazia para o meio de comunicação mais adequado.
               Para tanto, um Presidente dos Estados Unidos da América se dirige à Nação, que figurativa e, mesmo realmente, se encontra por trás ou do microfone, ou das câmeras de tevê, para ouvirem e mesmo contemplarem o Chefe da Nação a transmitir a mensagem de que já o Povo Americano vive a importância da hora, a quem empresta de bom grado os próprios ouvidos e  a respectiva atenção, não importa se proceda do bully pulpit de seu líder, ou que venha desse histórico palco de grandes decisões, vale dizer da atmosfera do Salão Oval, de onde procedem discussões de relevo, argumentos intensos e a impressão de que toda uma questão é levada ao conhecimento do Povo americano, que dela participa, não por uma mágica de show-business, ou de matéria que já não seja do amplo, abrangente e relevante contexto de uma resolução de indubitável gravidade, que é levada à avaliação de todo o acessível  eleitorado estadunidense, não por conta de um eventual capricho do atual Presidente, mas pelo fato tão incontornável, quanto determinante que a importância da decisão presidencial e o eventual apoio de que é chamado Nós o Povo está igualmente partícipe e, por isso atuante, não só pela atenção prestada, mas pelo peso a que a presença em grandes proporções adita à relevância tanto das palavras presidenciais, quanto da relevância desse apoio que é solicitado de forma aberta, uma vez exposto o problema e a sua eventual urgência, tudo expresso em linguagem simples, sem ambages, como devam vir para o sentir e a eventual aprovação do Povo estadunidense as mensagens que o sucessor de Abraham Lincoln se sente na necessidade de compartilhá-la com o Povo americano.
              As dicções podem variar, as acentuações e os realces da mensagem podem diferir, como as ocasiões também mudam, e nem sempre a campaínha presidencial há de soar com a mesma estridência e eventual gravidade, no relógio das horas, sob os atentos olhares das secretárias e altos funcionários a quem a seriedade do instante passeia, vincando as fisionomias, sentida a implicação das palavras, o peso das frases e a eventual consulta ou mensagem que lenta e progressivamente se desprenda dos lábios do líder que ali não está por acaso, e nem sequer terá acionado os instrumentos das consultas presidenciais, sejam elas urgentes, graves, abrangentes e mesmo envolventes, pois enquanto o Presidente falar para o Povo americano, se o momento é relevante, e sérias as questões a serem sopesadas, na atenção, a concentração mesmo, do acompanhamento da fala ei-la que se há de integrar no momento vivenciado, qualquer que seja o instrumento utilizado por Sua Excelência o presente Chefe da Nação.
             Serão decerto horas difíceis, e quanto mais relevante a comunicação, mais se sentirá  peso da intervenção presidencial, seguida que é por olhos que lhe perscrutam a seriedade e a gravidade do momento, assim como da proposição presidencial, enquanto a autoridade que, pela própria relevância de seus deveres e cometimentos, na sua linguagem escandida, e na sentida gravidade dos respectivos conceitos, seria como estendesse diante dos olhos atentos, mas brilhantes, do Povo americano a eventual relevância das diversas questões a serem discernidas e distinguidas, de forma que a atenção do grande e silente ouvinte e espectador, se estenda respeitosa e atenta perante as ponderações do Chefe do Executivo da grande Nação estadunidense, ciente que é da importância e do eventual peso que as citadas propostas terão para o Povo, a quem o Chefe, pela forma de proferir as palavras, pelas pausas oportunas que faça,  e pela eventual ênfase que a elas agregue, deixe meridianamente clara a sua intenção, assim como a sentida importância que preste à anuição do Povo soberano.
               Mudam as horas, mas não se alteram os locais, que, como cenário que cresce à volta do líder, e dele participa, pode muita vez dizer da relevância de uma certa decisão, ou da dificuldade de outra eventual visão diferenciada, que é dita nunca para confundir, mas sim para cotejá-la com um curso de ação há pouco enunciado e de que o líder daquela imensa Nação que se esconde por trás da imaginação de um Presidente, que ao falar parece direcionar-se para cada um dos respectivos cidadãos, que ali estão não como massa disforme, imaginária e dependente dos eventuais traços aduzidos pela autoridade presidencial, mas sim como se se voltasse para cada um dos respectivos co-nacionais e deles encarecesse o necessário, quiçá urgente apoio, que as palavras e frases procuram, desnudadas de eventuais adereços sub-reptícios, enquanto encarecem, junto a cada chefe de família, a cada viúva que é forçada a pensar em como estará a mesa do amanhã,  quiçá um gesto, ou uma palavra, ou mesmo um grito de assentimento e, sobretudo, de participação plena.
                  Nas grandes democracias, o espetáculo estará menos nos gestos, do que na demonstrada coragem, seja de submeter a árdua, difícil questão que não mais semelha capaz de ser exposta à atenção e ao pensamento de cada um. Quanto maior a sobriedade, maior a concentração generosamente emprestada à decisão que é levantada, não como uma criança alevanta uma pipa, confiante, apesar da tarde calorenta, em que, de repente, surjam os ventos que as grandes resoluções trazem consigo. Deve haver empatia da parte do líder, participação que traz consigo mãe-coragem, o gesto aberto e os olhos que fulgem, descerrados, como se já deparassem o horizonte que faz pouco, em palavras graves, escandidas nos teares das resoluções construídas com confiança, coragem e integral cometimento, e que ora, no atendente silêncio que como uma nuvem cerca a figura do Chefe, e que sem altaneria, mas também sem pressa, distende perante inimagináveis multidões o futuro que não se peja em ser soletrado, com a clareza das grandes resoluções. 

(Fonte: o momento estadunidense e as dúvidas que surgem de eventual comparação com  líder errático e pouco previsível ).

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