domingo, 27 de janeiro de 2019

Vice falastrão ?


                                              

        A primeira comparação de Mourão foi com o vice de Lula, José de Alencar, que tinha ideias próprias. Terá sido manobra arriscada de Jair Bolsonaro, um major da reserva, escolher  Hamilton Mourão, general da ativa para vice?
         Os jornais fruem desse prato adicional, aquele do vice-presidente que teria lá suas opiniões, e que surgida a oportunidade, não a perde para dizer o que pensa.
         Amanhã, como lembram os jornais,  Jair Bolsonaro volta à sala cirúrgica, para a retirada, por muito adiada, da bolsa de colostomia.  Ao contrário das notícias, a operação não é mera formalidade, e exigirá repouso do presidente.
         É de esperar-se - e com a Nação que o elegeu é hora não só de formular os melhores votos, mas também de que esse lúrido capítulo, iniciado pelo atentado em Juiz de Fora, termine afinal, com o restabelecimento completo do Presidente.
           A imprensa esta aí  à cata de vozes e opiniões alternativas. Um vice apagado pode ser do gosto presidencial, mas me parece otimismo desvairado que se indique general da ativa e esperar que se conforme à postura de um vice apagado.
           Em tudo o meio-termo está aí para mostrar o caminho do bom senso.  A história está cheia de vices com ideias muito próprias, e de outros, ultra apagados. O caminho intermediário surge como o mais difícil e, no entanto, aquele que mais se encaixa em uma dupla conforme às aspirações do eleitorado, e àquelas do bom-senso.
            Nem sempre o papel do general Mourão se encaixa nas opiniões de seu chefe, o Presidente. Assim, ao contrário de Bolsonaro, que em Davos reconhecera o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela, o vice foi categórico ao descartar a possibilidade de o Brasil apoiar eventual intervenção no país de Nicolás Maduro: "O Brasil não participa de intervenção, não é da nossa política externa intervir nos assuntos internos de outros países" - disse Mourão, em ulterior demonstração de divergência com o Presidente. E nesse caso, a razão pende para o lado do Presidente, pois Guaidó defende a democracia, e estar no grupo de Putin e do general Padrino, é defender a Maduro, e a tudo que o seu corrupto desgoverno significa. Será que a posição da maioria do Povo venezuelano - que vota com os pés (três milhões de pessoas buscaram o exílio!) - e sufoca as pálidas manifestações pró-Maduro deva ser repetido pelas autoridades brasileiras, na ultra-minoria do México de López Obrador e do Uruguai de Tabaré Vazquez  ?

( Fonte:  O  Globo )

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