Theresa
May,
com seu sorriso entre maroto e imbecilóide, não se conforma com a lógica e
é a tal ponto que parece levar ao descontrole seus adversários, entre os quais Jeremy
Corbyn, cujo frase "qualquer premier que sofresse derrota da
escala que May sofreu teria renunciado", bem expressa a própria
perplexidade ante a negativa da Primeira Ministro em conformar-se a regras.
Será nesse misto de estupidez e astúcia que a May conta sobreviver em
uma particular selva que ajudou - e não pouco - a criar. Salta aos olhos que à
maleta de astúcias da Premiê restam poucos truques.
Como são levados adrede a afrontar uma saída do Reino Unido da U.E. sem
acordo com Bruxelas - o que se torna cada vez mais provável, pelo andar da
carruagem - as frenéticas preparações
para enfrentar uma situação complexa crescem em membros da U.E. mais afetados
pela crise, v.g. Irlanda, França, Holanda e Bélgica.
Dessarte, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, afirma que "a Holanda está tentando garantir que
os prejuízos sejam minimizados". Já
o seu homólogo belga, Charles Michel,
reuniu-se com ministros para discutir suas prioridades, para um pacote de leis
de emergência que deseja apresentar ao Parlamento até fevereiro. Rutte anunciou
a contratação de novecentos funcionários aduaneiros, além de 150 veterinários e
cientistas (!) para analisarem produtos vegetais e animais. Nesse sentido, o
governo belga disse a empresas e cidadãos que um Brexit sem acordo poderia levar à imposição de Euros 2,2 bilhões,
em novos impostos e taxas sobre bens e causar a perda de quarenta mil empregos!
Por sua vez, o governo irlandês anunciou seus planos em dezembro,
admitindo que eles eram "um exercício de redução de danos", e também
apresentou projeto para acelerar "leis de contingência".
Nessas condições, como a maioria dos países da UE que negociam com o Reino Unido,
a Irlanda está contratando mil funcionários para o controle
alfandegário, sanitário e fitossanitário. A Irlanda também comprou terrenos
perto dos portos de Dublin e de Rosslare, para instalar áreas de inspeção!
Em dezembro último, o governo do presidente Emmanuel Macron aprovou lei para manter pessoas
e cargas circulando entre a França e o Reino Unido. O texto inclui ainda a
possibilidade de Paris aprovar leis de emergência por decreto. As autoridades
francesas já contrataram setecentos funcionários alfandegários, expandindo a
infraestrutura de controle de fronteiras.
A R.F.A. também se prepara para o pior cenário. O governo da Chanceler Angela Merkel já contratou novecentas
autoridades alfandegárias para ajudar a assegurar o fluxo de mercadorias entre
o Reino Unido e o Continente. O governo
alemão teme que o Brexit afete as
exportações de carros - as montadoras alemãs
venderam 800 mil carros no Reino Unido em 2018, cerca de 20% de suas
vendas globais.
Há muitas providências pendentes que tais governos tentam evitar, como a
imposição de bilhões de euros em novas tarifas, além de se verem obrigados a
engajar novos funcionários aduaneiros, em muitas dessas providências tornadas
inelutáveis pelo atraso de medidas de parte inglesa em termos de exportações, com
os consequentes dispêndios extraordinários provocados pelos atrasos do Reino
Unido em termos de implementação do Brexit,
ou até mesmo de medidas tornadas inelutáveis no causo da suspensão ou anulação
do dito Bréxit. Dessarte, um contencioso gigantesco entre
Euro-pa continental e os demais membros europeus que nenhum responsabilidade
têm quanto aos atrasos e mudanças imprevistas causadas por um Bréxit que ocorre à revelia da Europa
continental, ou até por modificações de última hora de uma parte revel nos
acordos, e tal Parte - em qualquer hipótese - cresce nos custos induzidos a
terceiros, com um acúmulo de uma responsabilidade causada exclusivamente pelas vagaries (decisões imprevisíveis) do
Parlamento de Westminster...
Aconteça
o que acontecer, até mesmo uma crescentemente pouco provável ab-rogação do Bréxit, de parte dos volúveis britânicos, aumentarão
as despesas extraordinárias causadas pelas atitudes imprevisíveis do
Parlamento de Sua Majestade, e o respectivo contencioso, acionado por
raivosos países continentais que não inventaram esse louco referendo de que o
próprio David Cameron sequer hoje se arrepende ter inventado, por um misto de
fraqueza intelectual e de menosprezo de uma Organização em Bruxelas, pela qual
ele passava narinas levantadas e passos estugados...
(
Fonte: The Independent, O Estado de S.
Paulo )
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