O governo americano toma medidas para
bloquear o acesso do regime Maduro a dinheiro da venda de petróleo pela estatal
PDVSA.
Foram as primeiras sanções diretas
de Washington às rendas da PDVSA, eis
que, segundo declarou o Secretário do Tesouro americano, Steve Mnuchin, a partir
de agora as contas bloqueadas só poderão ser movimentadas pelo "governo democraticamente eleito da
Venezuela". Conforme Mnuchin US$ 7
bilhões em ativos da estatal foram bloqueados pelos Estados Unidos.
Nesse sentido,Mnuchin declarou: "Os
EUA estão punindo os responsáveis pelo declínio trágico da Venezuela e seguirão
usando medidas diplomáticas e econômicas para apoiar o presidente interino Juan Guaidó," declarou o
Secretário do Tesouro estadunidense.
Dentro desse contexto, o
presidente-interino Juan Guaidó afirmou que dará início ao processo de nomeação
dos novos diretores da PDVSA e da Citgo, a filial americana da empresa
venezuelana. Guaidó declarou, outrossim, que o Parlamento venezuelano (no caso,
a Assembleia Nacional) assumirá o controle de contas do Estado venezuelano em
instituições internacionais.
Reconhecido por grande parte da
comunidade internacional, máxime no
Continente americano, Guaidó pretende com isso ter acesso a recursos
financeiros que antes eram controlados pelo presidente Nicolás Maduro.
Em 2017, segundo o Departamento
de Energia, os Estados Unidos compravam diariamente quinhentos mil barris,
frente a 1,2 milhão, em 2008. Apesar disso, a Venezuela ainda é o terceiro ou quarto maior fornecedor
de petróleo aos Estados Unidos.
A par disso, Caracas ainda
tem aliados e clientes importantes que reconhecem Maduro e seu regime, i.e.
Rússia, China, India, Turquia e Malásia.
Esses países em tese poderiam absorver os quinhentos mil barris
importados diariamente por Tio Sam.
No entanto, o problema se
agrava para o regime chavista é que sem acesso a bancos europeus e americanos,
a logística das exportações fica bastante complicada, para não dizer inviável.
Além disso, conforme Russ Dallen, da Caracas Capital, os custos da operação
iriam aumentar, porque os portos venezuelanos não estão habilitados a carregar
navios para países tão distantes.
Não há negar, porém, que é
uma estratégia com inegável risco essa
de reconhecer um governo alternativo, fundado em um representante, cujo
magnífico isolamento em termos de força governamental - excluído é lógico o
potencial do apoio das multidões venezuelanas - mas tampouco se pode negar o
risco de segurança para um governo, lídimo é verdade, mas com uma base de
proteção tão gritantemente relativa, quanto é a presidência de Juan Guaidó. O
próprio artigo relativo ao bloqueio pelos Estados Unidos da América ao acesso
do Chavismo a dinheiro procedente da venda do petróleo, reconhece o
considerável risco implicado: "A estratégia arriscada e incomum de
reconhecer um governo alternativo tem por trás
um objetivo econômico: bloquear o acesso do regime chavista aos recursos
do petróleo e aos ativos venezuelanos no exterior, o que traz inúmeras
implicações jurídicas e financeiras".
As dificuldades de Maduro só
tenderão a crescer se a União Europeia também reconhecer o governo da Oposição.
Se a sucessora no governo alemão de
Angela Merkel der uma tônica positiva ao apoio a governo democrático na
Venezuela, como parece provável, o círculo se estará fechando contra o regime Maduro, e as suas terríveis
consequências para o conjunto da população venezuelana. É o que se pode
esperar, ainda que o processo utilizado implique em óbvios riscos, como não se
pode deixar de reconhecer.
(
Fontes: O Estado de S. Paulo, The Economist )
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