quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Mourão, o irrequieto Vice


                                   

         Pelo visto, o presidente Jair Bolsonaro  terá um vice-presidente  suscetível de causar-lhe eventuais problemas. Relembraria, nesse sentido, ao antigo Vice de Lula, José Alencar, que também tinha opiniões fortes e que criticava políticas do seu Chefe,  Lula da Silva.
           Por enquanto, o general Hamilton Mourão, com seu protagonismo midiático, tem incomodado o entorno familiar e político do presidente Bolsonaro.
           Nesse sentido, os filhos do presidente  têm mostrado um certo nervosismo ou incomodação com as atitudes do Vice-presidente.  Segundo reportagem da Folha, um dos filhos do presidente disse a  duas pessoas que o general busca se mostrar como uma figura mais preparada em caso de alguma crise desestabilizar o governo.
             Tal avaliação - que circularia no meios políticos brasilienses  - ecoa um mal-estar da campanha eleitoral, quando Mourão quis representar Bolsonaro em debates após o atentado de Juiz de Fora, o que foi rechaçado pelos três filhos do candidato Bolsonaro.
              Mourão, por outro lado, na prática afastara o plano da mudança da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém - prometida por Bolsonaro  para sua base evangélica e para o premier Benjamin Netanyahu.
               Ora, o general Mourão descartou o plano ao falar sobre embargo saudita a exportações de frango brasileiro e mais tarde, em dois encontros oficiais na segunda (28) e na terça (29)  com representantes árabes.
                 Membros da comunidade judaica e lideres evangélicos disseram que espera-riam Bolsonaro sair da UTI para reclamar.
                  A desavença também ocorre dentro do governo - e tal é doce, encantadora música para a imprensa - onde ministros como Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Gustavo Bebiano (Secretaria Geral) se vêem questionados tanto por  Mourão, quanto pelos ministros egressos da ala militar - como os generais da reserva Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo).
                    A reportagem da Folha recorda que o vice nunca foi uma unanimidade  nos meios militares (por causa de suas posições duras e por vezes polêmicas). Entretanto, a reportagem da Folha vai além como se verifica nas considerações seguintes: "no cargo,moderou o discurso e, ao fim, é 'um deles' em caso de crise - o que é rapidamente descontado no artigo: o que é apenas uma hipótese neste momento. "
                      O artigo também mostra a diferença entre Mourão - aposta em boa relação com a imprensa - e Bolsonaro que é avesso a jornalistas.      Como cereja deste bolo simbólico, entram os jornalistas Lauro Jardim (O Globo) e Guilherme Amado (Época) como último compromisso da interinidade de Mourão. Trata-se de virtuais desafetos dos filhos do presidente.  Para completar, após o encontro, o interino disse que apoiaria uma decisão de deixar Lula, preso por corrupção e lavagem de dinheiro, ir ao velório do irmão.  Para o autor da dita reportagem intitulada "Interino, Mourão gera crítica no núcleo duro de Bolsonaro" é feita ao final uma coda que intenta dar uma certa aparada nas críticas: "é preciso ressalvar que Mourão não obteve todo o poder que queria na montagem do governo. Não coordena projetos e segue no Anexo 2 da Presidência, e não num gabinete ao lado de Bolsonaro.(...) Além disso, apesar da retórica, ele cumpriu o roteiro combinado com Bolsonaro no encaminhamento de medidas. Nisso lembrou outro vice com opiniões fortes, José Alencar, que criticava políticas do chefe, Lula. Ao cabo de tudo, Alencar não tinha poder efetivo."

( Fonte: Folha de S. Paulo )

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