Pelo
visto, o presidente Jair Bolsonaro terá
um vice-presidente suscetível de
causar-lhe eventuais problemas. Relembraria, nesse sentido, ao antigo Vice de
Lula, José Alencar, que também tinha opiniões fortes e que criticava políticas
do seu Chefe, Lula da Silva.
Por
enquanto, o general Hamilton Mourão, com seu protagonismo midiático, tem
incomodado o entorno familiar e político do presidente Bolsonaro.
Nesse sentido, os filhos do presidente
têm mostrado um certo nervosismo ou incomodação com as atitudes do
Vice-presidente. Segundo reportagem da Folha, um dos filhos do presidente disse
a duas pessoas que o general busca se
mostrar como uma figura mais preparada em caso de alguma crise desestabilizar o
governo.
Tal avaliação - que circularia no meios
políticos brasilienses - ecoa um
mal-estar da campanha eleitoral, quando Mourão quis representar Bolsonaro em
debates após o atentado de Juiz de Fora, o que foi rechaçado pelos três filhos
do candidato Bolsonaro.
Mourão,
por outro lado, na prática afastara o plano da mudança da embaixada brasileira
em Israel de Tel Aviv para Jerusalém - prometida por Bolsonaro para sua base evangélica e para o premier
Benjamin Netanyahu.
Ora, o general Mourão descartou o plano ao falar sobre embargo saudita a
exportações de frango brasileiro e mais tarde, em dois encontros oficiais na
segunda (28) e na terça (29) com
representantes árabes.
Membros da comunidade judaica e lideres evangélicos disseram que espera-riam
Bolsonaro sair da UTI para reclamar.
A desavença também ocorre dentro do governo - e tal é doce, encantadora
música para a imprensa - onde ministros como Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e
Gustavo Bebiano (Secretaria Geral) se vêem questionados tanto por Mourão, quanto pelos ministros egressos da
ala militar - como os generais da reserva Augusto Heleno (Gabinete de
Segurança Institucional) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo).
A reportagem da Folha recorda que
o vice nunca foi uma unanimidade nos
meios militares (por causa de suas posições duras e por vezes polêmicas).
Entretanto, a reportagem da Folha vai além como se verifica nas considerações
seguintes: "no cargo,moderou o discurso e, ao fim, é 'um deles' em caso de
crise - o que é rapidamente descontado no artigo: o que é apenas uma hipótese
neste momento. "
O artigo também mostra a diferença entre Mourão - aposta em boa relação
com a imprensa - e Bolsonaro que é avesso a jornalistas. Como cereja deste bolo
simbólico, entram os jornalistas Lauro Jardim (O Globo) e Guilherme Amado
(Época) como último compromisso da interinidade de Mourão. Trata-se de virtuais
desafetos dos filhos do presidente. Para
completar, após o encontro, o interino disse que apoiaria uma decisão de deixar
Lula, preso por corrupção e lavagem de dinheiro, ir ao velório do irmão. Para o autor da dita reportagem intitulada
"Interino, Mourão gera crítica no núcleo duro de Bolsonaro" é feita
ao final uma coda que intenta dar uma
certa aparada nas críticas: "é preciso ressalvar que Mourão não obteve
todo o poder que queria na montagem do governo. Não coordena projetos e segue
no Anexo 2 da Presidência, e não num gabinete ao lado de Bolsonaro.(...) Além
disso, apesar da retórica, ele cumpriu o roteiro combinado com Bolsonaro no
encaminhamento de medidas. Nisso lembrou outro vice com opiniões fortes, José
Alencar, que criticava políticas do chefe, Lula. Ao cabo de tudo, Alencar não
tinha poder efetivo."
( Fonte: Folha de S. Paulo )
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