terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Do Brexit e o que dele se pode esperar


                          
      
          Pelo que evidenciou até o presente,  somente um ardoroso partidário dos velhos conservadores apoiaria cegamente as propostas da  Primeiro Ministro Theresa May.
           Esse caráter passional terá de ser bastante forte, para levar o indigitado deputado a sequer ousar considerar qualquer  falha ou inabilidade da May..
            A May está empenhada em restaurar a chamada soberania inglesa. Talvez ela, com o intelecto que Deus lhe deu, pense possível que nos correntes dias o Reino Unido não vá sofrer da grande angústia que martirizava expoentes políticos cujo brilho e perspicácia  não tinha qualquer semelhança, afortunados que eram, com as faculdades mentais e culturais da atual líder inglesa. Essa plêiade de líderes - não só os conservadores, senão os do Labour - sentiam, com preocupação crescente das próprias alertas e muito bem informadas inteligências que captavam o desafio para a então Inglaterra de se deixar enlanguescer  com os reduzidos, circunscritos, pobres mesmo recursos, que os países membros da Liga alternativa lhe poderiam oferecer,  com uma tal diferença de oferta e oportunidade que a grande potência do século XIX não mais teria condições de competir com os países continentais no comércio e na indústria do futuro.
              Basta deparar a expressão e as opiniões da May para que se sinta quantos atributos e outros elementos culturais a que ela não pode mais ambicionar, e que a tornam uma potencial admiradora de indivíduos como Donald Trump, com quem em questão de minutos consentira em formar patética aliança entre a própria cândida ignorância e as truculentas, musculares posturas do atual 45º presidente americano, em personalidade que rejeita a Merckel - que lhe fizera a fineza de visitar na Casa Branca e a quem, no seu jeito habitual até fingiu dela não tomar conhecimento - enquanto sai de um jardim com romântico caramanchão, dando his pudgy, awkward hands para uma natural admiradora, viz. a May...
                Mas se os antecedentes são mais do que relevantes para que bem conheçamos com quem se lida, e o que esperar de tipos da intelectualidade de um Trump, não é demasiado estranhar que nos entreguemos, como cordeiros, para a inteligência da Senhora May, que quer porque quer refutar a grande escolha de antecessores de inteligência superior, e que agora, no século errado, ela se aferra a esse patético brexit, esse pobre camundongo que já rugiu por demais, e que com parcela tão pobre em termos percentuais dos súditos de sua Majestade, ela quer porque quer afirmar um título - o de haver retirado a Inglaterra do Continente - e a condená-la por conseguinte aos dúbios e parcos ganhos da insularidade, que ela pensa deixar aos pósteros como uma conquista sua, quando bem eles possam ver com espécie de maldição, que já se entrevê nos inúteis gastos com taxas aduaneiras para os nossos produtos, a que legamos as benesses das alfândegas continentais, com as suas taxas, e o seu infinito, tentacular red tape... Tudo isso, mrs. May há de perpetuar-lhe o nome, mas não exatamente na maneira em que ainda pensa ser possível, como se trazendo a riqueza e o progresso para essa velha ilha... Muitos anos cuidando do interior, terá talvez a feito pensar que o red tape, a infame burocracia consular seja, quem sabe?, a avenida do futuro, para nós,  ingleses de sua Majestade, que amamos nossa ilha, e o que chamamos de brancos Penhascos...
                  Pergunto porque tanto temem ao povo inglês. É certo que o referendo anterior,  que Sir Cameron ousara convocar, acabou mal,  pois deu dos súditos de Sua Majestade a impressão errônea, visto que não se pode confiar o futuro a uma minoria, como foi o caso do Brexit.  Daí a revolta de muitos que desejaram e que ainda desejam ser ouvidos em um real, vívido, pulsante, abrangente plebiscito em que o pensamento do Povo de Sua Majestade se possa expressar de forma ampla e experiente.
                     Desfazer o erro de Sir David Cameron representa uma oportunidade única. Ao invés de red tape e uma infinidade de outras barreiras, unamos uma vez mais as possibilidades de nossos países, enquanto abramos os braços para as viagens e as experiências dos jovens, para que o Continente reveja a nova proposta de um Gabinete que não teme o futuro, mas que tem presentes os anseios e os sonhos de um passado  que os nossos maiores - pois evito a palavra antepassado que traria um traço de dúvida e de incerteza  - quando ao contrário eles representam e representaram tudo o que aceita o progresso e o avanço em todos os campos, com a única exceção de desejarem limitar o amplexo pegajoso do red tape, da burocracia alfandegária a rir a bandeiras despregadas diante da visão preconceituosa que um punhado de representantes ainda pensa possível substituir ao progresso e à visão radiosa de nossos maiores !


Fontes: visão de Theresa May e Donald Trump;  de David Cameron,  atravessando depressa  os salões de Bruxelas

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