O Grupo
de Lima não reconhecerá o novo mandato do Presidente Nicolás Maduro, a iniciar-se
no próximo dia dez de janeiro. Em declaração, a maioria do Grupo exigiu que
Maduro deixe o cargo e transferia o poder para a Assembleia Nacional,
controlada pela Oposição, mas sem poderes efetivos, desde que foi criada pela
fraude a chamada Constituyente, e que é presidida agora por Diosdado Cabello,
um dos radicais duros do corrupto regime chavista, a que preside o protegido de
Chávez, e ex-caminhoneiro Nicolás Maduro.
O único país que não se associou a
essa exigência foi o México (não está esclarecido se o Uruguai mudou de posição
- antes apoiava Maduro). A par disso,os países do bloco prometeram uma série de
sanções contra membros do Governo venezuelano, além de pressionar o Tribunal
Penal Internacional (TPI), na Haia, a investigar crimes contra a Humanidade
cometidos pelo governo Maduro.
A esse propósito, declarou o
novel Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, em seu
primeiro compromisso oficial à frente do Itamaraty: "Nossa prioridade é
criar um fato político que possa induzir a uma mudança na Venezuela."
Por sua vez, para o chanceler
peruano, Néstor Popolizio, a declaração de Lima tem uma mensagem política
contundente. "Não reconhecemos a legitimidade do novo governo
venezuelano", disse o Ministro peruano.
"Pedimos a Maduro que não
assuma a presidência, respeite as atribuições da Assembléia Nacional e transfira
provisoriamente o poder até que ocorram
novas eleições."
Outras medidas incluídas na
Declaração determinam o veto ao ingresso de funcionários de alto escalão do
governo venezuelano, conforme a legislação de cada país.
É de assinalar-se que, como
seria previsível, o México, hoje governado por Andrés Manuel López Obrador foi
o único país de treze nações que não
participou da reunião e tampouco subscreveu a dita Declaração de Lima.
Por outro lado, cada membro
do Grupo de Lima deve igualmente elaborar uma lista de pessoas físicas e
jurídicas ligadas ao governo venezuelano, que terão bens congelados e serão
proibidas de mover recursos nos países do bloco. Os chanceleres do Grupo também
prometeram avaliar restrições a empréstimos ao governo venezuelano em
organismos internacionais. Houve a geral expressão de preocupação dos
partícipes da reunião com o êxodo de refugiados e com a grave crise econômica e
humanitária da Venezuela.
Como se sabe, em dezembro
último, o Peru propôs que os países do Grupo de Lima rompessem relações
diplomáticas com a Venezuela. "É muito importante que o Grupo de Lima
continue pressionando a Venezuela a restaurar a democracia no país",
assinalou o ministro peruano, o único a dar declarações depois da reunião.
Nesse contexto, Maduro
"reelegeu-se" em maio, em uma eleição que foi boicotada pela Oposição
(a qual, desde 2017 tem as funções legislativas na Assembléia suspensas pela
Justiça chavista). Suspeita-se que o
líder bolivariano antecipara a votação para presidente - prevista apenas para o
fim do corrente ano - por temer que o agravamento da crise pudesse
prejudicá-lo.
É de notar-se, outrossim,
que o sucateamento do ente petrolífero PDVSA
(conforme escancarado pela alienação por Maduro de quinhões do capital
soberano desse entidade petrolífera para o presidente Vladimir Putin, a
escassez de dólares determinada pelas sanções da Administração Trump, e a queda
das cotações do petróleo, em paralelo à impressão de bolívares sem qualquer
lastro, jogaram a Venezuela em uma crescente corrente-espiral
hiperinflacionária, a par da fome generalizada na população, decorrente da
escassez de alimentos e insumos básicos, além da falta criminosa e
generalizada de medicamentos e de outros produtos básicos de uma economia na
prática destruída pela irresponsabilidade da liderança chavista, encabeçada por
Nicolás Maduro.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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