Foram presos 27
militares rebeldes. Aonde tal possa
acontecer senão na Venezuela de Maduro, cuja ditadura, assim como o sobrenome
do Ditador, parecem já trazerem os sinais da decrepitude que é própria dos
regimes não só corruptos, mas sem qualquer outra legitimidade que aquela
trazida pela força bruta ?
Quem sabe levantados pelo corajoso
Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, a única legítima, a par de ser
também aquela que não está "autorizada" a aprovar legislação alguma,
eis que a ditadura dispõe de Tribunal Supremo que cuidou de despi-la de
qualquer atribuição legislativa.
Que a Assembleia Nacional, que é
ungida pelos preciosos óleos da legitimidade, está acima dessa Constituinte
fajuta, eleita pela fraude, já todos sabem.
No entanto, diante de regime
desmoralizado, seja pela corrupção sem limite, seja pelo desastre que por toda
parte provocam, o general bom-senso preside ao crescente e sem limites
desgoverno, que nem a cupidez particular de tantos poderosos, nem o consequente
caos que prevalece na terra de Bolívar, há de impedir por muito que se desfaça
o que não mais encontra apoio, seja na população civil, seja no próprio exército
em que a rebelião grassa, e onde a hierarquia vai se desfazendo, corroída por
uma administração sem norte.
Nesse contexto, esse grupo de 27
militares de baixas patentes na Guarda Nacional Bolivariana pôde ser preso
pelas forças chavistas. Com a facilidade dos regimes podres, os insurretos se apossaram de armas, de dois blindados, e
gravaram videos estimulando a população a derrubar o corrompido regime de
Nicolás Maduro.
Como rastilhos de pólvora, se
difundiram os vídeos de militares com pedidos para que a população se junte a
eles. No bairro de Cotiza, aonde foram
detidos, os moradores bateram panelas,
queimaram pneus e atiraram pedras nos policiais. Outra força militar, usada
para abafar o levante, e com o sólito epíteto de "bolivariano" - o
que é um achincalhe de que o nome Bolívar significa - são tentativas vãs,
cercadas que são pela podridão imperante do regime.
Mas voltando à voz de Juan Guaidó, é preciso
ter presente os seguintes fatores. Nenhuma revolução eclode sob o céu azul de
uma serenidade fundada na justiça e no geral contentamento. Será o oposto que
atiçará a reação de uma comunidade desde muita forçada a deparar gente que se
locupleta com situações de miséria e injustiça, em atmosfera marcada pelos
acintes e a roubalheira extrema e arrogante.
A própria oferta corajosa de Guaidó, uma
tempestade em céu sereno, com o lastro da legitimidade, da coragem e da
honradez, abre canais inéditos em meio à desencantada oposição e os próprios
militares, a quem atinge uma retórica firme, mas menos agressiva. O deputado tem suas raízes familiares - o seu avô era militar. Os fanáticos do
chavismo, como Diosdado Cabello, já não elicitam respostas dos militares.
A par disso, as Forças Armadas
já se sentem desconfortáveis, diante da indigência do Povo e da riqueza dos apparatchicks chavistas, de que Cabello
é a epítome.
Como em todo regime
ditatorial e corrupto, que começa a desfazer-se, a fragmentação de início não
será visível, mas a fadiga e a pressão popular, diante de uma ditadura que nada
pode prometer, senão mais ditadura, e mais a ignóbil mediocridade chavista, em
um cenário em que nada brilha, senão as moedas amealhadas pelos corrompidos,
além dessa votação contra a qual não há argumentos - o êxodo constante dos que
são tangidos pela ambiente desgraça - tudo isso vai ganhando a temida força
inercial daqueles movimentos telúricos que, ao cabo, levam pela frente, em
atmosfera de total descrença em tudo o
que tenha o apodo de chavista, carregando depressa toda a tralha, militar ou
não, o que surja pela frente. Depois de
votar com os pés, nada mais subsiste no podre
e desmoralizado regime que grita por alguém que venha jogá-lo afinal em algum
lixão, porque é grande e urgente a tarefa de varrer a nauseabunda corrupção
dessa composição que ora se desfaz, na geral confusão que acompanha a tais
enterros populares de governanças que foram demasiado longe na arrogância e
abandono das verdades da justiça e da equidade, e na ardida afronta contra a
justiça e o direito elementar que se deve às populações saqueadas por criminoso,
nauseabundo regime, que mais parece estar pronto para ser lançado na vala comum
da História, ou naquela grande lixeira mencionada pelo tribuno Leon Trotzki.
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