quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Procuradores são confirmados


                              

        Pressionado, o Procurador-Geral do Peru, Pedro Chavarry, sobre quem recaem suspeitas de envolvimento em corrupção, pressionado pela opinião pública, recuou de sua polêmica decisão e renomeou os procuradores Rafael Vela e José Domingo Pérez como principais membros da equipe especial montada pelo M.P. peruano para investigar o ramo local do escândalo de corrupção internacional envolvendo - como em muitos outros países da América Latina - a construtora brasileira Odebrecht.
          A nova resolução de Chavarry foi anunciada com toques de suspense cinematográfico, eis que foi difundida quando o presidente do Peru, Martin Vizcarra, chegava ao Congresso Nacional para apresentar projeto de lei para a intervenção no Ministério Público.  Horas antes, dois procuradores que haviam sido designados para substituírem Vela e Pérez rejeitaram o encargo.
           O Procurador-Geral, na sua contestada decisão, destituíra os dois Procuradores quando eles se preparavam para assinar um acordo de leniência com a Odebrecht, que aparentemente agilizaria as investigações com interrogatórios já programados sobre os grandes casos de corrupção com envolvimento da empresa Odebrecht.
            Chavarry afirmou, na ocasião, que revertera sua decisão "em consideração à transcendência e à importância das investigações vinculadas com crimes de corrupção de funcionários públicos e pessoas a eles ligadas, nos quais teria incorrido a empresa Odebrecht." Nesse sentido, o procura-dor-geral acrescentou que considera que devam ser "transparentes as ações tomadas pela equipe especial de promotores"  e que também considerou a decisão dos procuradores Frank Almanza e Marcial Páucar de rejeitarem a indicação para os lugares de Vela e Pérez, respectivamente.
             Ontem, Vela e Pérez explicaram a sua decisão  de recusar os cargos porque o presidente pretendia anunciar uma intervenção no Ministério Público. "A razão fundamental pela qual está sendo apresentada esta recusa é justamente este projeto de lei para intervir no M.P., o que limitaria a autonomia e a independência necessárias para que pudéssemos investigar o caso", declarou Páucar.
             Vizcarra pediu ao Congresso, dominado pelo partido fujimorista Força Popular, que revise o projeto com urgência, para não ter de recorrer à apresentação de uma moção de confiança que poderia levar ao fechamento constitucional do Parlamento peruano.
              A missão é complexa, já que os fujimoristas travaram a tramitação de denúncias contra Chavarry pelos supostos vínculos com rede de corrupção descoberta no Judiciário. Como Chavarry destituíra os procuradores na segunda, o que levou Vela e Pérez a acusá-lo de servir aos interesses da organização criminosa que eles investigam. O surpreendente afastamento desencadeou uma onda de protestos populares.
               Os dois procuradores tinham apresentado ontem pedido de impugnação da resolução que os afastara, para que ela fosse revisada pela comissão de procuradores supremos, composta de cinco membros, entre eles,  Chavarry. 
               Vela afirmou, então, que o principal motivo da decisão de Chavarry era frustrar o acordo de leniência fechado com a Odebrecht, marcado para ser assinado no dia onze.
                Além do ex-presidente Alan Garcia e de Keiko Fujimori, filha do ex-presidente, e líder da oposição ao atual governo, as investigações do escândalo da Odebrecht no Peru têm como alvo igualmente os ex-presidentes Alejandro Toledo, Ollanta Humalá e Pedro Pablo Kuczynski, num caldo que envolve, na prática, toda a liderança política peruana.

             A Odebrecht reconheceu haver pago milhões de dólares em propinas no Peru, entre 2005 e 2014, além de doações em dinheiro aos principais líderes políticos do país, para financiar suas campanhas eleitorais à presidência, em troca de "facilitação" na concessão de obras públicas.
              Os eventos colheram Vizcarra de surpresa. Conforme referido acima, Martin Vizcarra é o presidente do Peru. Ele estava no Brasil para participar, como muitos outros líderes sul-americanos da posse do Presidente Jair Bolsonaro. Ao tomar ciência da gravidade da situação, decidiu voltar de imediato a Lima após a polêmica decisão de Chavarry, procurador-geral do Peru.
                Ao chegar a Lima, o presidente Vizcarra reiterou a sua rejeição à demissão dos promotores: "A luta frontal contra a corrupção e a impunidade é uma política prioritária do governo, uma necessidade urgente e uma causa cidadã."

                 É lamentável verificar o lastro negativo deixado pela empresa brasileira Odebrecht, e não só no Brasil, mas também na América Latina. Na própria Venezuela, hoje entregue à terminal corrupção chavista esqueletos das obras faraônicas planejadas e inacabadas pelos governos chavistas jazem na paisagem...


( Fonte (em parte): O Estado de S. Paulo )

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