"Obvio que é o turning point. É a hora da conciliação.
Uma coisa é a campanha, outra é governar para todos os brasileiros", disse
à Folha o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional
e principal conselheiro de Bolsonaro no
Palácio do Planalto.
Decano do grupo de militares que
cercou o presidente durante a campanha, Heleno é chamado de "guru",
por ministros de perfil político, como Lorenzoni (Casa Civil) e Gustavo Bebiano
(Secretaria-Geral).
Para o
gen.Heleno, é preciso se despir das práticas usadas durante a campanha e fazer
acenos, inclusive à Oposição.
O combativo Onyx
foi o primeiro ministro graduado a encampar a nova tática. Em seu discurso de posse como chefe da Casa
Civil, pediu 'pacto' com a oposição e disse que era preciso 'dialogar' para
evitar erros.
Malgrado
tais modulações, Bolsonaro faria discurso duro após tomar posse. Disse que iria
libertar o país do
"socialismo" associado ao PT,
do "politicamente correto"
e da"inversão de
valores". "Não podemos
deixar que ideologias nefastas dividam os brasileiros", completou,
aplaudido diante de milhares de partidários.
De
improviso, também deu eco a um dos motes de seus eleitores, aquele que diz que
a bandeira do Brasil "jamais será
vermelha".
Esse
tipo de declaração sempre fez parte da estratégia de Bolsonaro. Para o
gen.Heleno, esses rompantes precisam ser amenizados.
A
avaliação do general Heleno é que é preciso adotar posição mais institucional
e cons-truir apoio no Congresso para fazer avançar as reformas estruturantes,
máxime a da Previdência e a tributária, logo nos primeiros meses do Governo.
Bolsonaro montou seu primeiro escalão
baseado em indicações das chamadas bancadas temáticas - importantes para
votações de uma agenda conservadora nos costumes que pretende implantar - mas
ainda há dúvidas sobre como se dará a relação entre o Planalto e Congresso,para
a aprovação de medidas econômicas, por exemplo.
E é justamente sobre essa costura que o gen. Heleno pretende atuar, ao
amenizar o discurso.
O hoje Ministro afirmou que
Bolsonaro "deu aval" à nova tática porque sabe que é preciso
construir pontes com os parlamentares,mas aliados do presidente afirmam que
será difícil controlar suas falas espontâneas - principalmente nas redes
sociais.
É de notar-se a tal propósito que um dos filhos de Bolsonaro, Carlos, foi o responsável pela estratégia digital do
pai nos últimos anos, marcada por críticas e ataques à oposição, e em
especial ao PT.
(Fonte:
Folha de S. Paulo)
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