quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

No Peru, o rastro da Odebrecht


              
         A grande crise no Peru, originada pelas conhecidas práticas da empresa Odebrecht, se agravou, atingindo o Ministério Público. O MP peruano investiga o pagamento de propinas a políticos pela empreiteira brasileira Odebrecht, e a crise agravou-se ontem, após o Conselho de Advogados de Lima  (CAL), entidade equivalente à OAB no Brasil, vir a suspender a permissão para advogar do Procurador-Geral Pedro Chavarry, ao acusá-lo de violar o Código de Ética. Diante de tal medida, obviamente Chavarry fica impedido de exercer o cargo.
     
                         cerca de uma semana, Chavarry tinha afastado do cargo os dois Procuradores     
responsáveis pela Lava Jato local - mas os restabeleceu no dia seguinte, dada a repercussão negativa.
 
            Já a medida contra o Procurador Chavarry foi tomada pelo Conselho de Ética da CAL, após reunião de quase três horas ontem. Segundo o Conselho, o  procurador-geral não se ateve aos artigos do Código de Ética que se referem à "obediência à Lei", ao dever de probidade e integridade, e ao dever de honestidade. O Conselho não revelou ulteriores detalhes sobre as citadas infrações.

             O presidente do Conselho de Ética, Walter Ayala, informou que a medida será comunicada à Junta de Procuradores Superiores do Ministério Público. Chavarry deve recorrer ainda hoje. "A resolução da Comissão de Ética da CAL suspendendo minha licença é ilegal, violou o devido processo legal e não tem validade", escreveu ele no Twitter.

               Juristas ouvidos pela imprensa do Peru divergem sobre os efeitos práticos da medida. Alguns afirmam que Chavarry continua no cargo de Procurador-Geral até o julgamento do recurso. "Ele tem um diploma de Direito válido e enquanto não for julgado seu recurso por um tribunal superior,  ou seja, perante o Tribunal de Honra, ele não pode ser retirado do cargo", disse ao  jornal El Comercio Maria Elena Portocarrero, reitora da Ordem dos Advogados de Lima.

                  Outros, no entanto, acreditam que Chavarry poderia ser afastado do cargo. Nesse sentido, Ivan Meini,  ex-procurador da República, alvitrou: "A Justiça pode pedir  a chamada  'separação temporária do cargo', e afastá-lo."

                    São opiniões de profissionais atuantes no Direito, mas que não decidirão da sorte de Chavarry.  Será a autoridade competente na questão que dará a palavra final sobre a situação de Chavarry, cuja súbita interdição dos dois Procuradores responsáveis surpreendera pela respectiva violência.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

Nenhum comentário: