sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

O outro lado da Medalha


                             
          Para implantar a redemocratização na Venezuela, é imprescindível despojá-la das lacerações impostas pelo chavismo e suas sequelas ditatoriais. Assim, as facções da Oposição dita Moderada, aquela que pensara possível pactuar com o imperante chavismo - v.g., Henri Falcón, Manuel Rosales e Henry Ramos Allup - devem   ser, assim como o ditador Nicolás Maduro, sua corrupta clique, e todos os integrantes do Tribunal Supremo que pactuaram com a ditadura  afastados sine diem até o restabelecimento pleno da democracia na Venezuela,  e doravante excluídos dos cargos políticos e jurídicos que desonraram pela ação respectiva.

            Por sua vez,  os líderes democráticos, que não pactuaram com a ditadura chavista - i.e.,  Leopoldo López, Maria Corina e Henrique Capriles ( e decerto a lista é longa e deprimente, pelas injustiças e mesquinharias que encerra) devem, se acaso forçados ao exílio, retornar de imediato à sua pátria e  à arena da democracia, dada a qualidade e o valor da própria participação,que os então representantes do Chavismo tentaram macular, pisotear, amordaçar, desfigurar e, numa palavra, desmerecer. Tal se aplica igualmente a tantos outros líderes democráticos que foram forçados ao exílio, como Antonio Ledezma, o Prefeito de Caracas. Como se verificará pelo regresso de venezuelanos e venezuelanas, perseguidos pela ditadura chavista, e que, por conseguinte, muitos se viram lançados à prisão e aos cárceres, masmorras e calabouços, e outros porventura antros da ditadura de Maduro, com seus infames sítios de tortura e sevícias do Sebin, formalmente denominado Serviço Bolivariano de Inteligência  e  congêneres, ou porventura forçados ao exílio por seu amor à democracia, ou pela falta de condições mínimas existenciais, ditadas pela cruel hiper-inflação, causada pela criminosa desídia de funcionários irresponsáveis e  seus corruptos chefes.   
             
                     Mas essa lista, que já é  longa, se tornará quilométrica com a inclusão de populares que se viram em multidões crescentes e muita vez anônimas tangidas a outro exílio, não o político, mas aquele econômico, que pode ser e muita vez é ainda mais cruel de o que aquele ditado por divergências políticas. Reporto-me à pobreza e à miséria ditadas pela falta de emprego e daquelas condições que caracterizam países com nível econômico adequado, abertos ao emprego e à justa paga à classe trabalhadora, e não à miséria do desemprego, da desnutrição e da fome, que é a expressão extrema do desastre econômico da hiper-inflação que a desonestidade e a incompetência unidas costumam acarretar para a economia, como a criminosa displicência no combate a hiper-inflação surge como a fautora de tantas injustiça na antes próspera e generosa economia  da  eterna  pátria do  libertador da América hispânica. Enquanto não se reverter a esse anônimo e cruel fautor da crise do exílio ditado pela falta de condições mínimas de uma existência digna, a fuga das gentes em busca de emprego, alimentação, cuidados médicos e habitações dignas há de persistir, para vergonha e  opróbrio para os governos que acaso venham a ser coautores nesse genocídio silencioso que é a falta de mínimas condições existenciais financeiras que assegurem a todas as classes a existência digna, livre dos obstáculos do atual dia-a-dia na Venezuela.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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