sábado, 5 de janeiro de 2019

Como evitar contradições, colhidas a 4 de janeiro no contato do Presidente com a Imprensa


  
           Para dizer o óbvio,  não deu boa impressão o primeiro contato da Imprensa com o Presidente Jair Bolsonaro, marcado por minientrevistas e simples perguntas, o que deveria ser evitado pelo Palácio do Planalto.
           A primeira regra presidencial é a da preservação da imagem do Presidente.  O que ocorreu ontem corresponde a um antiprocesso da informação. Os jornalistas, como vespas cercam o  presidente, e lhe  perguntam dados sobre a realidade, partindo do pressuposto  de o que presidente tudo sabe e de tudo deve inteirar a população.
            Enquanto o jornalista busca a notícia em sua forma primitiva, o seu interesse na informação não é o mesmo do que o do Presidente. Este representa o nível máximo do conhecimento da informação rele-vante para um público conhecido e informado, e por isso, como é óbvio, ele deve ser preservado de eventuais indicações negativas a seu respeito (como a referida pelo Chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni).
             A antientrevista de ontem é tudo o que não deve ser feito em torno do Presidente. As suas entrevistas não podem ser realizadas por um enxame de jornalistas que não raro estão mais interessados em questionar-lhe sobre questões delicadas ou em perguntas que possam induzir-lhe a erros.
              Não se deve dramatizar o que aconteceu ontem, mas a inferência a ser deduzida é que tal espetáculo  não mais deveria repetir-se.
  
             No cenário em que se desenvolveu,  só poderia dar no que deu. Por isso, a história mostra que as entrevistas presidenciais têm de ser preparadas com cuidado, se possível distribuindo os assuntos com os respectivos ministros. Ontem, foi tudo o que não aconteceu   e que provocou desaguisados com os principais ministros, como Guedes, na Economia, assim como sobre o assunto Embraer.  As entrevistas tampouco podem ser abertas, com o Presidente sujeito a todo tipo de quesito.  O princípio básico - máxime neste começo descontrolado - de que Presidente precisa ser preservado é a regra máxima, que não foi respeitada em nenhum momento.
                A fórmula mais adequada para a entrevista presidencial é  primo  o respectivo levantamento de o que deve ser transmitido à imprensa, com o preparo de uma resenha de o que deve ser adiantado desde já, nessa primeira fase da notícia. Secondo, a melhor fonte para preparar a informação é o Ministro competente, como, v.g., Guedes na economia, Moro, na Justiça, e assim por diante.  De qualquer modo, deve-se evitar o atabalhoamento de ontem e cingir a informação ao que é importante em termos de opinião pública. Uma entrevista que visa a informar a mídia não se destina a produzir rabos de foguete, e sim sistematizar aquela notícia suscetível para o público ser informado.
                     O cenário de ontem, portanto, deve também ser evitado porque é amadorístico, e reminiscente de um país de terceiro-mundo, o que o Brasil pelo menos não parece mais ser. 

                      Deve haver um secretário de imprensa que esteja em condições de gerir a notícia, sendo para tanto autorizado pelas fontes em nível hierárquico  integrado e coerente. O que houve ontem não deve mais repetir-se, porque não interessa ao Governo Bolsonaro (nem a qualquer outro Governo) prestar-se ao lamentável cenário que proporcionou sem desejá-lo, com contraditório com ministros e com a exposição do Presidente a mostrar que não estaria plenamente em controle da máquina governamental.
                       Por isso, é urgente - se ainda não o tem, e ele ontem não foi visto - que o Presidente Bolsonaro disponha de uma Secretaria de Imprensa digna deste nome, e em condições de bem informar o público.  Não estamos falando aqui do Dr. Goebbels e quejandos. Com coerência e competência, a Secretaria de Imprensa deve existir para bem informar, e, na fórmula americana, em termos de tudo o que possa e deva ser transmitido ao Povo brasileiro.

Sugestão ao Presidente:  Contratar urgente um bom Secretário de Imprensa, com autoridade suficiente de montar uma boa assessoria de imprensa,  sempre com ênfase na informação e não na propaganda.

( Fontes: impressões colhidas na entrevista ao vivo, ontem transmitida pela Rede Globo, sendo de evitar-se, no futuro, o processo rudimentar que a caracterizou )


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