Para dizer o óbvio, não deu boa impressão o primeiro
contato da Imprensa com o Presidente Jair Bolsonaro, marcado por minientrevistas
e simples perguntas, o que deveria ser evitado pelo Palácio do Planalto.
A primeira regra presidencial é a da
preservação da imagem do Presidente. O
que ocorreu ontem corresponde a um antiprocesso da informação. Os jornalistas,
como vespas cercam o presidente, e lhe perguntam dados sobre a realidade, partindo do
pressuposto de o que presidente tudo
sabe e de tudo deve inteirar a população.
Enquanto o jornalista busca a notícia em sua forma primitiva, o seu
interesse na informação não é o mesmo do que o do Presidente. Este representa o
nível máximo do conhecimento da informação rele-vante para um público conhecido
e informado, e por isso, como é óbvio, ele deve ser preservado de eventuais
indicações negativas a seu respeito (como
a referida pelo Chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni).
A
antientrevista de ontem é tudo o que
não deve ser feito em torno do Presidente. As suas entrevistas não
podem ser realizadas por um enxame de jornalistas que não raro estão mais
interessados em questionar-lhe sobre questões delicadas ou em perguntas que
possam induzir-lhe a erros.
Não se deve dramatizar o que aconteceu ontem, mas a inferência a ser
deduzida é que tal espetáculo não mais
deveria repetir-se.
No
cenário em que se desenvolveu, só
poderia dar no que deu. Por isso, a história mostra que as entrevistas
presidenciais têm de ser preparadas com cuidado, se possível distribuindo os
assuntos com os respectivos ministros. Ontem, foi tudo o que não
aconteceu e que provocou desaguisados
com os principais ministros, como Guedes, na Economia, assim como sobre o assunto
Embraer. As entrevistas tampouco podem
ser abertas, com o Presidente sujeito a todo tipo de quesito. O princípio básico - máxime neste começo
descontrolado - de que Presidente precisa ser preservado é a regra máxima, que
não foi respeitada em nenhum momento.
A fórmula mais adequada para a entrevista presidencial é primo o respectivo levantamento de o que deve ser
transmitido à imprensa, com o preparo de uma resenha de o que deve ser
adiantado desde já, nessa primeira fase da notícia. Secondo, a melhor fonte para
preparar a informação é o Ministro
competente, como, v.g., Guedes na economia, Moro,
na Justiça, e assim por diante. De
qualquer modo, deve-se evitar o atabalhoamento de ontem e cingir a informação
ao que é importante em termos de opinião pública. Uma entrevista que visa a
informar a mídia não se destina a produzir rabos de foguete, e sim sistematizar
aquela notícia suscetível para o público ser informado.
O cenário de ontem, portanto, deve também ser evitado porque é amadorístico, e
reminiscente de um país de terceiro-mundo, o que o Brasil pelo menos não parece
mais ser.
Deve haver um secretário de imprensa que
esteja em condições de gerir a notícia, sendo para tanto autorizado pelas
fontes em nível hierárquico integrado e
coerente. O que houve ontem não deve mais repetir-se, porque não interessa ao
Governo Bolsonaro (nem a qualquer outro Governo) prestar-se ao lamentável
cenário que proporcionou sem desejá-lo, com contraditório com ministros e com a
exposição do Presidente a mostrar que não estaria plenamente em controle da
máquina governamental.
Por isso, é urgente - se
ainda não o tem, e ele ontem não foi visto - que o Presidente Bolsonaro
disponha de uma Secretaria de Imprensa digna deste nome, e em condições de bem
informar o público. Não estamos falando
aqui do Dr. Goebbels e quejandos. Com coerência e competência, a Secretaria de
Imprensa deve existir para bem informar, e, na fórmula americana, em termos de
tudo o que possa e deva ser transmitido ao Povo brasileiro.
Sugestão
ao Presidente:
Contratar urgente um bom Secretário de Imprensa, com autoridade
suficiente de montar uma boa assessoria de imprensa, sempre com ênfase na informação e não na
propaganda.
( Fontes:
impressões colhidas na entrevista ao vivo, ontem transmitida pela Rede Globo, sendo de evitar-se, no futuro, o processo rudimentar que a caracterizou )
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