Hoje é o dia grande, mais
do que grande dia. Há uma maldição sobre
este Brexit que só os imprudentes e
os medíocres se recusam a ver. Primo, a incrível displicência misturada
com crua incapacidade de David Cameron.
Pensara imitar Tony Blair e convocar
mais um referendo sobre a Comunidade Europeia e o Reino Unido, imaginando o
tolo, que os deuses lhes seriam favoráveis uma vez mais.
Cameron
já é história e, sejamos francos, não passa de uma estória pobre, daquele a
quem falta grandeza, quando a seus maiores a noção do interesse inglês
repontava alto, e por isso venceram o rochedo dos nãos de de Gaulle,de que o passar do tempo cuidaria.
Mas a May é outro tipo de
mediocridade, daquela que luta, ainda que obnubilada. Não há decerto exemplo
de Primeira Ministro que menos esteja à altura da oportunidade histórica. E
essa porta entreaberta permitirá que os Comuns ouçam a voz do bom senso, que
nada tem a ver com heróicas saidas com nomes retumbantes que levam diretamente
ao Hades da negação de um destino
europeu, que a todos sobreleva.
Que a líder de Sua Majestade pouco
ou nada entenda da vocação desse Reino Unido, é na verdade o destino. Cada
Churchill tem a sua hora, e a Inglaterra então defrontava no Continente com
outro tipo de desafio, na verdade mortal. Hoje, passada a ominosa ameaça, se
importa não esquecer as longínquas glórias passadas, trata-se de empregá-la
para melhor entender o desafio da hora presente, que nada tem a ver com o poder
continental de bárbara fúria, que crescia diante de primeiros Ministros como
Chamberlain que ainda acreditavam possível negociar com Adolf, naquela hora que mais tarde seria definida
como a mais bela da Inglaterra.
Hoje continuam a pulular as
mentes pequenas, aquelas que se recusam a entender e aceitar a progressão dos
tempos, e os outros, diferenciados, desafios que possam apresentar.
Quis a sorte madrasta que Theresa
May tenha continuado na direção das grandes questões nacionais, quando sempre
a rotação do próprio motor terá sido adequada para os pequenos desafios da
Pasta da Interior.
É de esperar-se que a Álbion
logre escapar da hora presente, apesar da indecisa timoneira. Cercada pelas vorazes ambições dos senhores
de Westminster, é importante que forças
maiores se alevantem, para que os planos mirabolantes dos que pensam surfar na
cândida mediocridade da May também se dêem mal, porque para quem vê essa grande
confusão - what a mess Madam have you created out of sheer, dismaying
incapacity!
Desde muito que o Povo inglês
vê com inquieta preocupação a grande ambição de Jeremy Corbyn, que ainda pensa
tirar bons resultados para seu partido of a great mess, quando o momento não é o de pensar a la Cameron, e sim no interesse maior
do Povo inglês, que vê claramente inscritos, e não no cascalho das praias, mas
nos seus conhecidos White Cliffs of Dover
uma vez mais mostrando para quem quer ver que
o destino do Reino Unido já se desenha claro e inconfundível naquela
velha união com o Continente, que desejada e batalhada no passado pelos seus
maiores - que hoje avultam gigantescos diante dos anões e anãs do tempo
presente - era e é o bom combate, que néscios podem enjeitar, mas não aqueles
que conhecem a Hora e como ela deva ser enfrentada antes que seja demasiado
tarde.
(Fontes: New York Times,The
Independent,GuimarãesRosa,Drummond de Andrade)
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