segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Venezuela: Protestos da Oposição


                   
         Há dois anos,  cerca de 120 venezuelanos morreram em protestos oposicionistas. Eram pela saída de Nicolás Maduro, mas ele se manteve no poder. As manifestações atuais ocorrem em outro contexto. Assim, os apoios internacionais não mais estão divididos de igual modo, além da situação econômica ter piorado bastante.  Os líderes oposicionistas não são os mesmos, nem sua estratégia - ontem se dedicaram, v.g., a distribuir uma lei de anistia nos quarteis.

           Em 2017, os protestos populares começaram de forma repentina, após uma incrível sentença do Tribunal Supremo de Justiça, que tornava nula a imunidade dos deputados da Assembleia Nacional, em que a Oposição é maioria. Já em 2019, são fruto  de uma estratégia gestada há mais tempo.

          Em função das "negociações" na República Dominicana surgiu a oportunidade para Maduro convocar eleições.  Com o esbulho da Constituinte dos Bairros, convocada por Maduro, e eleita em processo fraudulento, a Ditadura obteve o apoio de que carecia, ainda que por um processo acintosamente em desrespeito à vontade popular (a própria entidade suiça encarregada de montar a tal Constituinte denunciou-lhe o caráter, com a manipulação de votos em favor do Governo)

           Existe um manifesto, óbvio fastio com o ditador Maduro. "São os mesmos partidos, mas parte do Povo queria uma nova liderança, gente jovem que dissesse 'chega!'. Estamos todos apoiando o Presidente, diz Yosbelys Noriega, aludindo a Juan Guaidó, de 35 anos. Ele prestou juramento como presidente em exercício nesta 4ª feira, em função do art. 233 da Constituição (que reza que o presidente da Assembleia Legislativa (Guaidó) pode ocupar a presidência da república, ante a ausência total do Executivo).

          Nos hospitais, não há nada. Segundo Yosbelys, que trabalha na área de saúde: "não há insumos e temos de atender os pacientes sem lhes oferecer nada (sic) Mas isso é outra coisa que mudou: o povo despertou, perdeu o medo, e ante o abismo aberto pelo regime, escolheu a esperança."
             Por sua vez, por conta da hiper-inflação, o salário mínimo não dá  para comprar nem um um quilo e meio de queijo. Segundo o FMI, em 2019  a inflação pode chegar a 10.000.000%

           Caíu bastante, por outro lado, o apoio externo a Maduro. O Grupo de Lima, EUA e União Europeia não reconheceram o resultado das eleições de 2018. Também partidos de oposição mais contundente vem recebendo mais apoio - como Vontade Popular e Vinte Venezuela, partidos de Leopoldo López e Maria Corina Machado, que é considerada a ala oposicionista mais radical.  Diante da situação, eles exigem a rendição incondicional.

          A par disso, o apoio externo a Maduro dissipou-se,  sobretudo na América Latina : "No Brasil, Lula está na cadeia, e  Bolsonaro chegou ao poder. Há uma mudança ideológica, de resto previsível, na América Latina. O que facilita - no entender da analista política Aimée Nogal :"  muito a penetração de algumas políticas dos EUA, que deixaram de lado o soft power."

          Essa visão semelha, no entanto, ultra-simplista, na medida em que ignora dois poderes totalitários, a Rússia, de Vladimir Putin (que está bancando com armamento pesado, inclusive aviões bombardeios, e com estranho escambo de veios de petróleo da PDVSA como créditos de milhões de dólares) e também a República Popular da China de  Xi Jinping, com apoio econômico e financeiro, em troca também do petróleo de ótima qualidade de uma Venezuela em péssimas condições econômico-financeiras.  

( Fontes:  O Estado de S. Paulo e a imprensa internacional, referida oportunamente pelo blog)                        

Nenhum comentário: