quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Juan Guaidó, Presidente


                                   

        A coragem pessoal,  a força da posição de princípio, e a oportunidade diante de manifestação isolada, que se funda não no oportunismo de maiorias automáticas, sem a face da legitimidade, mas sim na determinação de confrontar regime podre, fundado na força militar e na confluência de interesses escusos, que sufocam a riqueza de um país, e forçam a emigração, mais tangida pelo desespero do que pela esperança,  de mais de três milhões de infelizes, para quem o exilio, com seus milhares de desconfortos surge melhor do que a pátria amada, convertida em valhacouto de ladrões e saqueada por bandidos de beira de caminho, malgrado a riqueza do seu petróleo, que o canalha Nicolás Maduro malversa em viagens de mendicante, chegando a ousar vender patrimônio nacional  que não lhe pertence para rapaces ditadores, do gênero de Vladimir Vladimirovich Putin.
             Tudo isso e a bendita faísca da bravura e do exemplo, que não teme as fáceis ameaças do ditador cuja fórmula de apropriar-se da riqueza nacional e malbaratá-la, em desvarios de corrupção e sangue, cercado pelas ratazanas que rondam os cofres da Nação, e os esvaziam na desenfreada fome dessa anônima turba, a quem a melhor indumentária, o veludo mais brilhante se torna mais opaco e andrajoso do que as vestes dos mais vis da turba ignóbil que vive à roda do ditador,  ganhando a própria paga nas descaradas louvaminhas que entoam para o Tirano.
               Os festins de Baltazar não são orgias encafuadas em distantes tiranias perdidas em terras visitadas pela peste e ferozes inimigos, de que guardamos em sincopadas, por vezes enigmáticas narrativas,  que muitos imaginam só deparar em rincões afastados, na verdade empurrados para terras inacessíveis.

                Juan Guaidó é a figura solitária da coragem, na verdade, individual bravura, que a tudo defronta, em um mundo para muitos já demasiado velho, e corroído pelo cético caradurismo, que os muitos, os oi polloi da plebe ignara e ignava fingem não ser o alvo da própria vingança retributiva que, sem falhar sequer, visita a  todos os lúgubres, lúridos festins de Baltazar,  para armados da bravura que a poucos visita anunciar a própria incrédula, impossível, e irrealista aparição, a que a História, essa megera desdentada repete no seu palrear indecifrável para os poderosos da Hora,  embora que muito claro, pungente mesmo,  para esses oi polloi que do nada surgem, que da obscuridade irrompem, assim como quem hoje é - porque ousou chamar-se, em meio ao descrédito e a covardia dos muitos  - Presidente constitucional da República bolivariana da Venezuela.
                 Quem tem coragem faz a Hora acontecer. Se a conveniência e a covardia reinassem ad saecula saeculorum ainda viveríamos em cavernas,  lá encafuados temendo a aparição das bestas selvagens da vez.


( Fontes:  O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo )

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