terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Do ambíguo valor da vinda de Netanyahu


                          
         Segundo nos informa a coluna de Hélio Gurovitz - de que por conta do fim de ano, somente agora tive conhecimento - uma manobra eleitoral de Netanyahu pode ter a vida curta. Com efeito, a antecipação das eleições em Israel para nove de abril foi manobra de Benjamin Netanyahu para tentar sobreviver às denúncias de corrupção que o perseguem.
          Assim, ele fornece um meio para que o procurador-geral Avichai Mandelblit tenha mais possibilidade de adiar o indiciamento de Bibi Netanyahu nos dois casos em que é acusado de oferecer préstimos a empresários de comunicação ... em troca de cobertura favorável na imprensa.
           Com a referida antecipação,  Netanyahu confia nesse novo "engavetador-geral", cujo procedimento, no caso, recordaria àquele procurador do tempo de FHC,  e que teria pretexto para segurar a denúncia, sob alegação de não influenciar a campanha.
          Mas existem outros fatos que podem favorecê-lo  nessa eleição: (a) a oposição fragmentada, que lhe permitiria uma quinta vitória de sua coalizão de direita nas urnas; (b) evitar que Trump apresente qualquer arremedo de paz com os palestinos, eis que precisa da permanência do conflito para apresentar-se ao eleitor israelense como garantia de segurança no conflito com os árabes   .
           Na realidade, ao catalizar os partidos de direita, Netanyahu cobra um preço alto ao eleitor israelense. Para a sua coalizão, é indispensável o conflito com as lideranças palestinas, para ter a possibilidade de seguir primeiro ministro, apresentando-se ao eleitorado como garantia de segurança.
             Por outro lado, segundo se alvitra, mesmo que vença, a eventual permanência no poder de Netanyahu  semelha muito improvável. Dessarte, no cenário israelense, parece,  como se dizia no passado, pule de dez que ele possa vir a resistir caso seja indiciado. E, dessarte, mais uma eleição em 2020 surge como muito provável.
              Netanyahu não seria, por conseguinte, o coringa de valia para mudar as relações com o Brasil, como se busca alvitrar. Outra opção, mais consentânea, com a nossa política diplomática estaria em bater à porta de  países árabes - que apóiam, como observaria Monsieur de La Palisse, aos palestinos - e que poderiam servir de intermediários  nessa operação. Sem o desgaste para a nossa diplomacia, que acarretaria, a sugerida mudança de rota. Mas será que a nova administração engolirá essa pílula?

( Fonte (em parte) : O Estado de S. Paulo )

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