Segundo nos informa a coluna de Hélio Gurovitz - de que por conta do fim
de ano, somente agora tive conhecimento - uma manobra eleitoral de Netanyahu
pode ter a vida curta. Com efeito, a antecipação das eleições em Israel para
nove de abril foi manobra de Benjamin Netanyahu para tentar sobreviver às
denúncias de corrupção que o perseguem.
Assim,
ele fornece um meio para que o procurador-geral Avichai Mandelblit tenha mais
possibilidade de adiar o indiciamento de Bibi Netanyahu nos dois casos em que é
acusado de oferecer préstimos a empresários de comunicação ... em troca de cobertura
favorável na imprensa.
Com
a referida antecipação, Netanyahu confia
nesse novo "engavetador-geral", cujo procedimento, no caso, recordaria
àquele procurador do tempo de FHC, e que
teria pretexto para segurar a denúncia, sob alegação de não influenciar a
campanha.
Mas
existem outros fatos que podem favorecê-lo
nessa eleição: (a) a oposição fragmentada, que lhe permitiria uma quinta
vitória de sua coalizão de direita nas urnas; (b) evitar que Trump apresente
qualquer arremedo de paz com os palestinos, eis que precisa da permanência do
conflito para apresentar-se ao eleitor israelense como garantia de segurança
no conflito com os árabes .
Na
realidade, ao catalizar os partidos de direita, Netanyahu cobra um preço alto
ao eleitor israelense. Para a sua coalizão, é indispensável o conflito com as
lideranças palestinas, para ter a possibilidade de seguir primeiro ministro,
apresentando-se ao eleitorado como garantia de segurança.
Por
outro lado, segundo se alvitra, mesmo que vença, a eventual permanência no
poder de Netanyahu semelha muito
improvável. Dessarte, no cenário israelense, parece, como se dizia no passado, pule de dez que ele possa vir a resistir caso seja indiciado. E,
dessarte, mais uma eleição em 2020 surge como muito provável.
Netanyahu não seria, por conseguinte, o coringa de valia para mudar as relações
com o Brasil, como se busca alvitrar. Outra opção, mais consentânea, com a nossa política diplomática
estaria em bater à porta de países
árabes - que apóiam, como observaria Monsieur de La Palisse, aos palestinos - e que poderiam servir de intermediários nessa operação. Sem o desgaste para a nossa
diplomacia, que acarretaria, a sugerida mudança de rota. Mas será que a nova
administração engolirá essa pílula?
(
Fonte (em parte) : O Estado de S. Paulo )
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