sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Fuga do embaixador da Coreia do Norte


                              

         Precedida por insistentes rumores, acabou confirmada a fuga do embaixador da Coreia do Norte, acreditado junto ao Quirinal (governo italiano).  Com efeito, Jo Song-il fugiu de sua embaixada e está escondido, provavelmente, em algum país da Europa Ocidental.
         Diplomatas da Coreia do Norte não costumam frequentar o circuito diplomático. Em geral, quando vão às recepções dos dias nacionais, o que não é evento comum, são mais reconhecíveis pela própria indumentária, em geral pouco condizente com a dos demais convidados. Que não se vá ter por isso a impressão de que endossem roupas estranhas, mas apenas trajes que outro diplomata jamais pensaria em vestir numa recepção de data nacional.
            Os pobres representantes  de  Kim Jong-un enfrentam no círculo diplomático uma espécie de drama da quadratura do círculo. Eles representam uma férrea ditadura fundada no segredo e na pobreza (do povo), e, por conseguinte, tem de lidar na própria missão com agentes secretos, que os olham com desconfiança. Por outro lado, fuga ou tentativa de fuga do paraíso de Pyongyang deve acarretar penas pesadas. Além disso, a família do representante diplomático pode fazer às vezes de refém e, por isso, tem sido muito raros os casos de defecção entre os pobres diplomatas da Coreia do Norte, pois os parentes servem como "elementos de convencimento" do dito embaixador em sequer pensar nessa hipótese.
              Segundo rumores, o tal embaixador teria aproveitado em que ele, mulher e filhos estavam juntos por algum cochilo do governo central, e fruído da ocasião única para dar no pé.  Os familiares na Coreia do Norte terão problemas, mas não tão sérios quanto os do núcleo familiar mais próximo.
               Consoante transpirou para os serviços italianos,  segundo declarou o deputado sul-coreano Kim Min-ki, após reunião com os serviços de inteligência da Coreia do Sul. Conforme declarou Kim: "Ele fugiu em novembro com sua mulher". Jo tem 48 anos e pediu asilo com a família em algum país ocidental no fim do ano passado.
               Como se vê, Kim Jong-un e seus antecessores (a Coreia do Norte é uma espécie de monarquia comunista) podem ter dominado a fissão do átomo, mas a diplomacia e o contato com o estrangeiro não são bem vistos. Tanto que seus diplomatas são verdadeiras párias...

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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