quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Vassalo e Senhor voltam a reunir-se


                    

        Na presente situação política, Nicolás Maduro não tem escolha, e Vladimir Putin se serve, quase à vontade. Como sublinham comentaristas do Washington Post, na qualidade de aliada - diria, na realidade, vassala - a Venezuela sai barato demais para  a Rússia. O que é para lá de inquietante constitui a maneira com que o cambaleante governo de Caracas está liquidando  bens perenes de seu próprio país, e sem quaisquer condições de dispor de uma relação de troca que se assemelhe a comércio igualitário e soberano, cedendo - na verdade, malbaratando, por 'empréstimos' modestos, quase ridículos pela desproporção, na realidade forçados pela extrema sujeição que desvelam- mas que lhe surgem  preciosos  e irrecusáveis, assim como o seriam para um sedento viajante no atual deserto de crédito, em troca  de um copo de água que lhe assegure uma extensão de vida creditícia, em proporções que lhe seriam ofensivas se não se visse em hora difícil, na verdade desesperada, a que o lançou a própria funda e irremediável incompetência, e esse torpe, grosseiro e infinitamente desequilibrado escambo só faz relembrar aquelas trocas ruinosas feitas no passado por pobres indígenas de culturas que lhes impossibilitavam a realização de qualquer relação de intercâmbio  que não fosse calamitosa para a sua própria comunidade. Estamos diante da crua realidade de alguém na lastimosa condição um parceiro vassalo, que no linguajar comum se descobre devendo as próprias calças e se acha a tal extremo manietado por obrigações políticas, econômicas  e financeiras, que um credor normal, e não o implacável poker-faced Vladimir V. Putin, haveria de perguntar-se se tem algo de ético, sério e perene nessa despudorada e totalmente desequilibrada relação de escambo entre um miserável, a bout de soufle em termos de condições de crédito, surgidas, é certo, por causa do próprio comportamento irresponsável e fora de qualquer parâmetro normal de relação tanto comercial, quanto patrimonial e financeira.  Na verdade - e me dirijo aqui aos senhores das finanças internacionais, no contexto das relações válidas e soberanas, envolvendo próprios nacionais. Diria mesmo que essas modestas considerações têm validade em qualquer lugar sério desse mundo, vasto mundo, na frase do grande poeta da nacionalidade brasileira, o mineiro Carlos Drummond de Andrade.
     Pois, em verdade, meus caros senhores e senhoras, dessa tribuna mundial do crédito, e, por conseguinte, protetora das nacionalidades cujos bens se descubram malbaratados por devedores contumazes e por ditadores irresponsáveis, pois, se me me permitem a reiteração, essas considerações valeriam em qualquer lugar sério desse mundo - sempre voltando à frase clássica e perene do grande tesouro da nacionalidade brasileira, com o sal mineiro do bom senso.  Em que condições éticas e morais, dentro da brutal realidade do próprio descalabro financeiro da pátria de Simón Bolivar, o Libertador das Américas, criado na realidade hodierna a funda incompetência financeira e falta de qualquer sentido  voltado para a preservação para os bens da Pátria, esse senhor em miserável condição de crédito, condição criada pela própria incompetência e incapacidade negocial e patrimonial, ora malbarata partes significativas de cinco campos de petróleo, cedidos para todo o sempre pelo equivalente a umas colheres de mel coado que sirvam de muletas para o seu cambaleante governo a tentar resistir por mais uns meses e, quem sabe?, aninhos perante a própria irremediável incompetência que o condena a tal situação de devedor  que se vê forçado a vender o patrimônio da Pátria em troca de uma salvação temporária e, na realidade, por extremo precária.

        Nesses termos, na minha condição de sul-americano e de admirador da velha Pátria de Bolivar, que luziu em outros momentos da História continental, com o brilho de uma estrela quase solitária em um céu sul-americano pontilhado de ditaduras militares, quero crer que seria mais do que oportuno que as instâncias internacionais desse vasto mundo do poeta Drummond de Andrade fossem acionadas com a necessária e manifesta urgência para que, de alguma forma que pareça correta aos poderes desse mundo - e me refiro em particular àqueles financeiros - as chamadas instâncias competentes que venham a salvar o Povo Venezuelano daquele que, sem qualquer consulta e em condições manifestamente impróprias e mesmo ilegais, está malbaratando patrimônio que na verdade não lhe pertence, manietado que está por injunções financeiras que são decorrência de profunda incapacidade de gerir o patrimônio dessa antiga Pátria de Bolívar.

( Fontes: Drummond de Andrade  e  Carta das Nações Unidas )

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