Talvez o que o brexit tenha feito de ruim para o Reino Unido - basicamente o par
de vagões do gabinete de Theresa May deixarem a composição da União Européia
para associar-se a futuro mais do que incerto, enquanto imaginam reviver
glórias de outros tempos - é o fato de
voltar-se para trás, abandonar o que líderes mais capazes e muito mais inteligentes
realizaram contra gálicos rochedos, do que o convescote do grupelho da pobre
May acompanhada de um par de ferrabrazes, que pensam lançar em verão já
esquecido a aposta retrô dos sólitos perdedores da história.
Eis que vem a lume relatório oficial
do Governo de Sua Majestade, ontem divulgado pela imprensa e que mostra que a saída do Reino Unido da
União Européia vai reduzir o crescimento econômico do país, não importa qual seja
o resultado da negociação entre Londres
e Bruxelas. Nesse sentido, o vazamento
do relatório aumenta a pressão de parlamentares que acusam o governo de falta
de transparência e que sentindo a mudança dos ventos e a triste, funda,
irreprimível mediocridade da "equipe" encabeçada pela May, a Gioconda
do sorriso tristonho e deprimente que não atina, a pobre, com saída decente
para as areias movediças em que lhe meteu David Cameron.
Pensam, por isso, em organizar novo
referendo sobre o brexit, e dessarte jogar um pouco mais de luz sobre esse
monumental engodo que abraçado pela direita e as velhas gerações imagina
reviver glórias passadas, ignorando o presente que foi empunhado por quem
percebera haver soado a hora do império e chegado o momento de novo caminho,
para que o Reino Unido não ficasse à margem da História e dos seus novos
desafios.
Nunca é tarde para afastar-se de escolha
equivocada, que à miopia de uns, e ao assanhamento de outros, terá parecido o
espaço adequado para uma façanha. Em vão esse tacanho, medíocre gabinete tenta
ocultar a verdade dessa tola aventura,
acalentada em dia de verão de passadas férias, e por isso busca esconder o que
não devera. Nunca é demasiado tarde para reconhecer um erro. Mas aferrar-se a ele, não é escolher o
futuro, mas meter-se no pântano que os líderes daquele tempo tudo fizeram para afastar
o Reino Unido das ilusões passadistas de um tempo de que já havia soado o toque do dobre.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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