Faz alguns dias, o Comandante do Exército, General Eduardo Villas Bôas
fez declarações de grande interesse, e
creio que pela sua importância devam ser referidas pelo blog.
Em entrevista ao Estadão, o
general critica negligência de parte dos Estados e avalia que tropas federais
não resolverão o problema.
Nesse contexto, o Comandante do Exército
sublinhou: "Há preocupação de contaminação e por isso queremos
evitar uso frequente". "Recentemente, no Rio,
verificamos desvios de nosso pessoal. Foram pontuais, restritos a um
ou outro indivíduo de nível hierárquico baixo. Está infinitamente distante de
representar problema sistêmico ou institucional. Mas estamos permanentemente
atentos".
O Comandante também se mostra
incomodado com a possibilidade de "uso político" das Forças
nas eleições e avalia que no dia 24, data de julgamento de recurso do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Porto Alegre, a Brigada Militar
gaúcha tem "plenas condições" de controlar a situação.
Sobre a segurança pública do país, o general Villas Bôas assim se manifesta:
Tem havido negligência com relação à segurança pública no País. Mas
também é surpreendente uma certa
passividade da população em relação a isso.
Nenhum conflito no mundo hoje faz perder o número de vidas que temos
no Brasil, onde são assassinadas 60 mil pessoas por ano. Há negligência em
grande parte dos Estados. Mas a questão da segurança é muito profunda e está
claro que o simples emprego das Forças Armadas não tem capacidade, por si só,
de solucionar problemas de segurança
pública que estamos vivendo.
Perguntado pela jornalista
onde a situação é pior, o general respondeu:
Nos Estados do Nordeste, os índices de criminalidade são mais altos do
que no Rio de Janeiro. Só que o Rio é uma caixa de ressonância. Por isso, é
difícil dizer onde é mais grave ou não. No Rio Grande do Norte, de onde
sairemos neste fim de semana, fomos empregados pela terceira vez e, neste
espaço de tempo, estruturalmente nada foi feito na segurança pública do Estado.
Perguntado pela jornalista Tania
Monteiro: Como resolver esta questão da criminalidade que afetou a segurança
pública?
"Somos um país carente de
disciplina social, que prioriza os direitos individuais em relação ao coletivo
e ao interesse social. E um ambiente de
pouca disciplina favorece à diluição das responsabilidades. Por isso, há uma
certa resistência a que se busque o saneamento das condutas individuais e
coletivas. Por outro lado, estamos vivendo
uma imposição do politicamente correto, vivendo uma verdadeira ditadura
do relativismo e com uma tendência a que não se estabeleçam limites nas
condutas. Isso vai numa onda e volta em um refluxo que atinge as pessoas e a
sociedade como um todo. Isso está na raiz dos problemas, insisto, do
politicamente correto, privilegia e atua reforçando o seu caráter ideológico e
não apresentando a solução dos problemas. Quando nós vemos agressões a
mulheres, abusos, quando vemos desrespeito, na raiz disso está a falta de
limite e de disciplina que existe na sociedade. Precisamos de muito mais
educação e responsabilidade por parte de todos e cada um precisa cumprir
efetivamente seu papel e assumir suas responsabilidades até em relação à
segurança.
(Excertos da entrevista do general Villas Bôas ao Estado de S. Paulo)
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