O bolívar - a moeda oficial da Venezuela
- tem o próprio valor a encaminhar-se para zero. Na verdade, na taxa 'oficial' (se na bagunça
institucional venezuelana a qualificação oficial
teria algum valor) na atualidade
vinte bolívares valeriam US$ 2.
Como o estado hiperinflacionário se
caracteriza por um dinamismo relativo, a tendência prevalente liquefaz
o dito valor. Assim, na realidade, as notas de dois bolívares 'valem' US$
0,0001 à taxa de câmbio atual, em que o tal 'dinamismo' tende para zero.
O real valor do desmoralizado bolívar
se reflete, assim, na foto borrada do lixo: em loja saqueada por meliantes em
San Felix, no sudeste da Venezuela, no meio do lixo se encontrava uma dúzia de
notas de vinte bolívares. Dado o valor praticamente inexistente do dito
papel-moeda, nem os saqueadores acharam que valeria a pena recolhê-las...
Eis uma lição tão prática, quanto
trágica de o que pode significar o espasmo da inflação, que, em processo rápido
de tempo, vira hiperinflação.
A hiperinflação, que golpeara a
Alemanha de Weimar, algum tempo depois
da derrota de 1918 perante os aliados do regime imperial do Kaiser Wilhelm II
(e da Áustria-Hungria), vincou fundo a desmoralização do povo alemão, e desencadeou
o flagelo da inflação, seguido da trágica caricatura da hiperinflação, em que
para comprar pães se carecia de malas de dinheiro...
A desvalorização cavalar do bolívar
é um dos retratos da Venezuela atual. Não se careceu de guerra mundial para
desbaratar-lhe a economia. Apenas a inépcia de
Nicolás Maduro, e de sua respeitável quadrilha, bastou para que, como se
fora enfermidade generalizada, ela corroesse
todo o tecido social daquele país,
com as previsíveis cruéis consequências .
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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