A manhã de ontem registrou clima de guerra
na Rocinha, com intenso tiroteio entre bandidos e cerca de 200 PMs (polícias militares), que pela
manhã ocuparam a favela.
Nesse quadro, a sede da Unidade de
Polícia Pacificadora (UPP), lá
estabelecida em outros tempos, foi alvo dos traficantes. Várias casas tiveram
paredes e muros perfurados à bala.
Quatro PMs, um morador e um suspeito
foram baleados. Cinco pistolas e sete fuzis foram apreendidos.
No final da tarde, o clima de tensão
chegou à avenida Niemeyer, onde bandidos montaram barricadas com pneus em
chamas e incendiaram um ônibus próximo
ao Hotel Sheraton.
Como assinala O Globo, a rotina fora da rotina que a Rocinha vivencia há quatro
meses já contou inclusive com cerco das Forças Armadas. Mas pouca coisa mudou desde o início da violenta disputa
entre duas facções do tráfico de drogas. Diante disso, caberia perguntar, o que
deu errado na estratégia das forças de segurança
pública? E o que pode ser feito, em matéria de estratégia, para que a vida
ganhe algum contorno de normalidade, numa das maiores comunidades do Rio de Janeiro?
Para que haja tranquilidade, há
setores que chegam a reclamar pela presença da Polícia, para eles a primeira
causa do tiroteio. Nesse sentido, José Ricardo Bandeira, presidente do
Instituto de Criminalística e Ciências Políticas da América Latina, critica as
incursões policiais e a falta de investimento em setores de inteligência.
Por sua vez, o antropólogo e especialista em
segurança pública, Paulo Storani,
ex-oficial do BOPE (batalhão de elite da PM), concorda em que a presença da polícia
aumente as chances de confronto, mas, não obstante, se diz favorável às incursões, pois, caso contrário
"poderia haver uma carnificina".
Nas suas palavras, "A
polícia faz exatamente o que tem de ser feito, embora sua forma de atuar acabe
potencializando o confronto. Mas se ela não agir, pode ocorrer carnificina, e
quem sofre são os moradores. Portanto a PM avalia o melhor horário e o menor
risco, o que não quer dizer que não vai haver perigo." Storani acrescenta
que "a presença de policiais não
vai resolver o problema da comunidade. Desde a década de 1980, quando guerras
(entre as facções) foram declaradas, não se mudou a maneira de atuar. A PM não
tem estrutura para resolver o que acontece na Rocinha. A corporação não foi
criada para isso. Com um policiamento ostensivo, a sua função é prevenir
crimes."
A Polícia Militar avaliou como
positiva a ação de ontem na Rocinha e afirmou que vai continuar fazendo incursões
na comunidade por tempo
indeterminado.
( Fonte: O
Globo )
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