A mediocridade que caracterizou o recuo
no desastroso plebiscito do Brexit terá feito revirar-se nos respectivos
jazigos aqueles próceres ingleses que depois de uma longa luta tinham logrado
adentrar-se na senda européia que muito de seus maiores tinham visto como um
enlace feliz com o europeismo. Fazer
desaparecer o Canal da Mancha terá sido a proposta que animou a vocação
europeia, e que muitos próceres da época anterior lamentaram não poder vencer o
veto gaullista àquele projeto.
O mediocre no projeto do Brexit, fechando com estardalhaço a porta europeia, a
par do salgado preço desse divórcio, foi
no entanto abraçado por um punhado de líderes que se sentiam sufocados pela
Comunidade Européia, e viram, a fortiori, em plano pessoal a oportunidade
que abria para as respectivas medíocres perspectivas no plano magno europeu a
permanência na União Europeia.
Reflexos dessa escolha que, ao invés
de alargar horizontes, os encolheu, como se o retrocesso fosse a saída, são
encontrados naquelas personalidades
políticas que viram no regresso à velha Albion mais uma oportunidade, ainda que
acanhada, do que um desafio.
Além de subestimar as dificuldades
e as estreitezas de um projeto regressista em época de grandes desafios
colocados pela necessidade de uma resposta às incógnitas do futuro, outro grande fator propulsor da escolha
menor, em que se privilegiava a visão
passada, como se mais adequada às visões
pessoais dos respectivos expoentes dessa escolha de Sophia.
De todas as personalidades no
partido do Brexit, duas pedem atenção
pela respectiva mediocridade e falta de qualquer sopro de um projeto amplo e
corajoso.
Thereza May é a mais autêntica
entre os personagens menores que despontam para a mediocridade. Uma longa permanência na Secretaria no
Interior a terá levado a julgar o projeto do Brexit como o mais adequado para
uma Grã-Bretanha que retorne feliz para
o âmago do passado, cuja grande vantagem era restabelecer a velha Inglaterra que
voltasse aos velhos problemas de um país que retornasse às antigas tradições,
longe das gambiarras de uma Europa na medida dos sonhos dos que viam o retorno ao Continente como uma sárcina e não
uma solução. Pela tacanhice e a
respectiva desatenta indiferença, o
antecessor Cameron, por falta de qualquer sentido de desafio, constituiria o cúmplice ideal para afundar na
mediocridade insular a velha Albion.
Da leviandade e da
frivolidade, é o partido dos irmãos
Johnson, em especial Boris, que chegou
ao acme do who cares? ao dedicar-se
ao juvenil e estranhíssimo projeto de redigir dois manifestos, um pró-Brexit e o outro contra, como se
imaginar-se possa transformar a alternativa do Brexit e Europa em jogo
intelectual de fim de semana, em que
dominaria os fatores pro e contra essa regressão ao passado não a avaliação
séria mas quase brincadeira intelectual de dúbia pertinência, em face do
desafio da escolha para o porvir da
antiga Grã-Bretanha.
Mais passa o tempo, e mais
se entranha a certeza do colossal erro do penúltimo verão, assim como a
fragilidade das atuais lideranças da antiga pérfida Albion. Choca verificar a mediocridade dos
personagens que cercam a escolha do anti-caminho do retorno às angustas
dimensões da antiga potência do século XIX.
( Fontes:
The New York Review, The New York Times,
Times. )
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