Há grande estardalhaço em Washington
acerca do palavrão (em inglês referido usualmente como 'expletivo'), empregado
pelo Presidente Donald Trump em reunião na Casa Branca[1].
Nessa questão, há dois aspectos a serem referidos. Primo,
a mídia, até o presente, seja por
consideração ao público, pelos particulares aspectos que cercaram a expressão,
seja por atenuantes com relação ao respectivo autor, tem castamente censurado
com asteriscos tal vocábulo; Secondo, não é possível manter para o atual presidente, os padrões
habitualmente usados com relação a tais palavrões se pronunciados por outros
homens públicos.
Para dirimir quaisquer dúvidas, não se trata de
proteger A ou B, e fustigar Mr Trump. A
expressão na boca de Mr Trump, Presidente dos Estados Unidos, infelizmente não
surpreende, dado o seu reiterado costume em empregar o que americano chama de 'profanities'.
Não é só o emprego do vocábulo que
choca. É a escala de valores de Mr Donald John Trump, cujo menosprezo para
descrever o Haiti e as nações africanas o leva a empregar palavrório que será
hoje reprovado, e com carradas de razão, por qualquer critério de uma imprensa
(falada ou escrita) séria e que respeite os demais países, quaisquer que seja a
cor de sua população e o nível de sua conta bancária.
Pelo visto, ele considera a população de
cor desses países como algo a ser menosprezado. Os conceitos deste chefe de
governo - que um farisaico chefe do FBI elevou na prática à presidência, contra
pessoa manifestamente mais preparada a honrar o cargo em disputa - só
infelizmente são objeto de realce pelo posto que ainda ocupa. É indescritível
que alguém - que parece trazer o vocabulário e os preconceitos comumente
atribuídos a meios mais baixos, e que geralmente vivem em bairros pobres (não
obstante, muita vez encontremos maior respeito e honestidade em bairros de
gente pobre e não gentrificada) - com uma visão tão turva do mundo à sua volta,
continue a expressar-se em palavrões ou as ditas profanidades (como é o termo empregado para gente de menor
educação).
Para essa gente pobre, mesmo que vinda
para os Estados Unidos bem longe de ser considerada como senhora do próprio
destino (e, portanto, de ter qualquer culpa quanto a procedimentos que
porventura a beneficiaram), esse presidente quer agora deportar, esquecendo até
o vocábulo dreamers (sonhadores),
que antes quis instrumentalizar, cruelmente buscando valer-se da própria
situação desses infelizes, que para o Estados Unidos vieram sem culpa (menores
de idade não podem ser responsabilizados por tais atos, por mais tacanhos e
malévolos sejam os critérios imigratórios).
Pelo visto, cessaram os motivos pelos
quais Sua Excelência se empenhou com os democratas para preservar os dreamers (sonhadores), a despeito de
virem de tais países, como descritos por sua boca pouco respeitosa, que mais parece saída de algum canto escuro e
desprezível, do que de endereços que tanto brilham à distância, por mais
enganoso que venha a ser tal resplendor.
( Fonte: The New York Times )
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