quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Interrogações na viagem pontifícia

                   

        Papa Francisco é o protagonista de uma viagem que tem sido muito visitada pela violência.  Nesse sentido, a passagem do Sumo Pontífice  por Temuco, no sul chileno, foi marcada por uma série de ataques, atribuídos a radicais mapuches, uma etnia indígena que reivindica direito à terra.
       Ao parecer,  a religião católica semelha um tanto co-responsabilizada em tais choques, eis que pelo menos duas igrejas e uma escola foram incendiadas, assim como três helicópteros  empregados por empresas madeireiras.  Em uma semana, mais de dez templos cristãos foram atacados.
        Embora a etnia mapuche não haja assumido responsabilidade pelos ataques dos últimos dias, segundo o promotor Enrique Vásquez, investigadores encontraram na igreja e na escola, ambas incendiadas, da Cidade de Collipulli materia de propaganda com mensagem exigindo a libertação de prisioneiros mapuches.
          Ao contrário dos casos de abuso sexual e de pedofilia de religiosos, o tema indígena já estava na pauta da viagem de Francisco ao Chile e Peru (a visita de Sua Santidade a este segundo país é esperada para hoje, 18 de janeiro). Assinale-se que o Papa  tem interesse especial pela questão indígena. Nesse sentido, tem em vista valer-se do giro latino-americano para preparar o terreno para um encontro eclesiástico, em 2019, sobre os povos indígenas e a Amazônia. Essa próxima peregrinação pontifícia pode ser muito útil para um reenfoque e uma revalorização da Amazônia, que se tem permitido ultimamente desbastar de respeitáveis áreas florestais, o que carece de ser combatido com a maior severidade.
           Retornando aos mapuches, cerca de duas mil comunidades mapuches - cerca de setecentos mil pessoas - vivem no Chile pacificamente, à espera de que o Governo lhes devolva as pequenas parcelas de terra de que foram despojados. Por outro lado, organizações conscientes dos  direitos indígenas reivindicam a devolução por inteiro do território ancestral.
             Papa Francisco tratou desse tema, e em missa campal de 150 mil pessoas ele pediu diálogo em relação à causa mapuche.
                Após a missa, o Papa almoçou  com oito mapuches, um descendente de colonos suíços e alemães, uma vítima da violência na região, e um imigrante haitiano.
                 Por fim, no correr da jornada hodierna, Sua Santidade visita Iquique, no norte chileno, quando versará a questão dos migrantes. Em seguida,  o Santo Padre irá para o Peru.


( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

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