sexta-feira, 19 de janeiro de 2018
A praga dos déficits na União e nos Estados
No começo, para adotar-nos linguagem bíblica, está a irresponsável política econômica e fiscal do Governo de Dilma Rousseff. Se ela corroeu as receitas tributárias - já enfraquecidas por uma inflação renascente - a perda de arrecadação é apenas um dos fatores que levaram as contas dos Estados a passar de superávits nominais de R$ 16 bilhões em 2015, para um rombo de R$ 60 bilhões no ano passado.
Nesse contexto, de irresponsabilidade fiscal e de falta de qualquer sentido de politica anti-inflacionária - conforme Dilma Rousseff iria trabalhar para atacar os fundamentos do Plano Real, entre os quais a Lei de Responsabilidade Fiscal - surgiriam as causas da débacle nas rendas estatais, e a consequente impopularidade do governo petista de Dilma, que estão por trás do descontrole gene-ralizado e o consequente naufrágio do segundo Governo Dilma, vitima de um "golpe", que na verdade não passava da reação das forças retributórias por ela e sua equipe irresponsavelmente desencadeadas com o inelutável processo do impeachment, que carimbava afinal a sua incapacidade, filha do respectivo despreparo, e da miopia de Lula da Silva, que pensou que poderia instrumentali-zar a presença no Planalto de sua sucessora. Em termos de irresponsabilidade na atribuição do poder à sua "chefe de gabinete", a performance do ex-operário não tem parâmetros na história republicana.
É de sumo interesse, por conseguinte, que apelemos para o economista Raul Velloso, que é a justo título considerado pelo "Estadão" um dos mais respeitados especialistas em finanças do setor público.
Como premissa de sua avaliação se alinham "os gastos com o sistema previdenciário dos Estados, as despesas obrigatórias definidas pela legislação e os custos da folha de pessoal", tudo isso somado torna o atual regime fiscal insustentável ao longo do tempo. Nesse regime, como se assinala, os gastos crescem sempre, independentemente da situação econômica do País, enquanto a receita - na falta de aumento deliberado de carga tributária - está condicionada à evolução da produção, da renda e do consumo.
Pelo estudo do Dr. Velloso, baseado em dados do Tesouro Nacional, de 22 unidades da NFederação, apenas cinco melhoraram seus resultados fiscais desde 2015: são os estado de Alagoas, Paraná, Ceará, Maranhão e Piauí. Desses estados, apenas um está na região Sul e os demais no Norte e no Nordeste. Com exceção do maior deles, São Paulo, que se manteve estacionário, em todos os demais Estados o desequilíbrio financeiro se acentuou.
O pioral é o Rio Grande do Norte, cuja irresponsável greve das forças de segurança do Estado criou um clima de anarquia e de total insegurança na cidadania. Dessarte, o Rio Grande do Norte foi a unidade federativa em que o quadro fiscal mais se agravou no último triênio. Do superavit de R$ 4 bilhões que alcançou entre 2011 e 2014, o Governo do Rio Grande do Norte passou a enfrentar seriíssimas dificuldades financeiras (de resto vincado pela presença de força militar em meio ao caos na cidade de Natal) nos últimos anos com um déficit financeiro acumulado de 2015 a 2017 de R$ 2,8 bilhões.
Para evitar distorções, Raul Velloso utilizou a relação entre déficit (ou superavit) e receita líquida. Para o Rio Grande do Norte essa relação passou de 8,3 para -9,3 entre 2015 e 2017. O descalabro nas finanças do Estado explica muitos dos problemas e a desordem fiscal acrescida. Em tal quadro, o Rio Grande do Norte está na pior ... de todas as unidades da Federação, cujas contas puderam ser comparadas pelo Dr. Velloso.
A fila, no entanto, para passar por uma crise aguda - como a do Rio Grande do Norte - não pára de crescer. Surge logo o Rio de Janeiro que, por uma série de circunstâncias, notadamente a desonestidade de governantes (um deles, Sérgio Cabral se transformou em um mega-ladrão, trocando um futuro promissor - pela sua capacidade e força política, pelo destino de um homem já condenado a mais de oitenta anos de prisão). As finanças do Rio, atacadas pelas pragas da incompetência e da corrupção estão hoje em estado lastimável. Ele se viu obrigado a atrasar salários e até as magras pensões de humildes barnabés. Tampouco inspira confiança na própria capacidade o atual governador, o medíocre Pezão. A mediocridade de resto não é privilégio exclusivo dos governadores de Estado. Nesse contexto, há prefeitos muito medíocres, como o do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, que contrasta na falta de iniciativa com o anterior, o das Olimpíadas, Ricardo Paes A lista dos Estados em quase condição de mendicância, é formada por Minas Gerais (sacudida também por questões de corrupção - o governador petista Pimentel, com o apoio da respectiva Assembléia Legislativa se tem mantido a duras penas), Goiás, Pernambuco e Sergipe, são os piorais na avaliação quanto à capacidade de pagamento.
Muitos dos demais, embora não entrem no rol dos piorais, tampouco estão em boa situação, como o Rio Grande do Sul, em que os salários dos aposentados são pagos em parcelas, e o estado preocupante da segurança , com uma Brigada Militar com baixa capacitação e o famigerado Presídio de Porto Alegre - uma das piores cadeias da República, lugar que disputa com outras enxovias no Maranhão, Amazonas,etc.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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