terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O veneno do brexit na política inglesa

                          

        O  gabinete de Theresa May que sucedeu ao fraco David Cameron vai de crise em crise tentando sobreviver ao monstro criado pelo brexit  e cujo padrinho foi o irresponsável Cameron que achara oportuno 'inventar' essa consulta ao Povo inglês (e aos restantes países-membros do Reino Unido) pensando estultamente ganhar tempo com esse irresponsável referendo.
       Cameron, na verdade, ganhou como 'prêmio' a sumária queda do gabinete, e o povo britânico recebeu um problema tão inútil quanto desnecessário, a par de ser um novo fautor da cizânia no Reino Unido, país já de parcos recursos. Enquanto os mais jovens lamentam a saída de Bruxelas, e os mais velhos voltam a seus fetiches, pensando reeditar as passadas glórias da velha Álbion, uma primeira ministra fraca muda de estratégia a cada tropeço e consequente dificuldade.
       Muita vez o significado e relevância de suposta conquista - e os ignaros, que aprovaram por estreita margem em atmosfera de veraneio,  referendum convocado às pressas e que já antes de pesar nos ombros do povo inglês tirara estupidamente a vida de deputada trabalhista pro-Mercado Comum, que  acreditava nos estadistas ingleses que mexeram céus e terras para entrar no organismo de Bruxelas, o que só lograriam depois do desaparecimento do general de Gaulle, que por mais de uma vez lhes barrara o caminho - à medida que passa o tempo, e as consequências da empreitada principiam a pesar na velha Albion, o povo inglês, embaído por sonhos de antanho, e pela leviandade de David Cameron,  se afundam na busca de o que não foi senão sonho efêmero, como se fora possível ressuscitar os fastos do Império e do domínio dos mares de antanho, com uma penada irresponsável, que lhes abriu, e com estardalhaço, as portas de um passado irrecuperável para um pequeno país insular,  uma teimosa realeza que vive de serôdias tradições.
         Quem busca dar grandes saltos, de que a razão e o bom senso fugiriam,  pois tristemente em desacordo com a estreiteza de meios e o confinamento de um país que de repente encolhera,  corre o risco de enfrentar lutas inglórias e recuos vexaminosos.

          Para muitos, nada mostrou de modo mais menosprezante a pequenez dos políticos que armavam a nave do brexit, inventando desafios inúteis, do que o suposto feito de um jovem que se crê promissor político inglês, o qual, como exercício, escreveu dois manifestos um dos quais pregava o brexit, e o outro propunha a sua rejeição. A irresponsabilidade não poderia ser mais vincada, apesar de ajudar-nos a entender porque a antiga grande-potência e senhora dos mares, hoje se tornou um pequeno país, que recusa Bruxelas, para proclamar aos quatro ventos a própria irrelevância.

( Fonte acessória: O Estado de S. Paulo )


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