O
gabinete de Theresa May
que sucedeu ao fraco David Cameron vai de crise em crise tentando sobreviver ao
monstro criado pelo brexit e cujo
padrinho foi o irresponsável Cameron
que achara oportuno 'inventar' essa consulta ao Povo inglês (e aos restantes
países-membros do Reino Unido) pensando estultamente ganhar tempo com esse irresponsável referendo.
Cameron, na verdade, ganhou como 'prêmio'
a sumária queda do gabinete, e o povo britânico recebeu um problema tão inútil
quanto desnecessário, a par de ser um novo fautor da cizânia no Reino Unido, país
já de parcos recursos. Enquanto os mais jovens lamentam a saída de Bruxelas, e
os mais velhos voltam a seus fetiches, pensando reeditar as passadas glórias da
velha Álbion, uma primeira ministra fraca muda de estratégia a cada tropeço e
consequente dificuldade.
Muita vez o significado
e relevância de suposta conquista - e os ignaros, que aprovaram por estreita
margem em atmosfera de veraneio, referendum
convocado às pressas e que já antes de pesar nos ombros do povo inglês tirara
estupidamente a vida de deputada trabalhista pro-Mercado Comum, que acreditava nos estadistas ingleses que mexeram
céus e terras para entrar no organismo de Bruxelas, o que só lograriam depois
do desaparecimento do general de Gaulle, que por mais de uma vez lhes barrara o
caminho - à medida que passa o tempo, e as consequências da empreitada
principiam a pesar na velha Albion, o povo inglês, embaído por sonhos de
antanho, e pela leviandade de David Cameron,
se afundam na busca de o que não foi senão sonho efêmero, como se fora
possível ressuscitar os fastos do Império e do domínio dos mares de antanho,
com uma penada irresponsável, que lhes abriu, e com estardalhaço, as portas de
um passado irrecuperável para um pequeno país insular, uma teimosa realeza que vive de serôdias tradições.
Quem busca dar grandes saltos, de que
a razão e o bom senso fugiriam, pois
tristemente em desacordo com a estreiteza de meios e o confinamento de um país
que de repente encolhera, corre o risco
de enfrentar lutas inglórias e recuos vexaminosos.
Para muitos, nada mostrou de modo
mais menosprezante a pequenez dos políticos que armavam a nave do brexit,
inventando desafios inúteis, do que o suposto feito de um jovem que se crê
promissor político inglês, o qual, como exercício, escreveu dois manifestos um
dos quais pregava o brexit, e o outro propunha a sua rejeição. A
irresponsabilidade não poderia ser mais vincada, apesar de ajudar-nos a
entender porque a antiga grande-potência e senhora dos mares, hoje se tornou um
pequeno país, que recusa Bruxelas, para proclamar aos quatro ventos a própria irrelevância.
( Fonte acessória: O Estado de S. Paulo )
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