sábado, 20 de janeiro de 2018

O quê fazer da Síria ?

                               

        Vira e mexe, e a Síria continua a representar um problema para os Estados Unidos. Como se verifica pelas declarações de presidentes estadunidenses, as coisas mudam se se está no poder ou não.
         Como o Times recorda oportunamente, na qualidade de candidato Trump advertira contra guerras estrangeiras - e a Síria não foi exceção a essa regra.

         Os leitores do blog se hão de lembrar que o antecessor Barack Obama tinha também visão um pouco confusa de o que fazer com o país de Bashar al-Assad. Por haver recusado proposta da Secretária de Estado Hillary Clinton, que liderava, na Administração Obama, as diversas autoridades de nível ministerial com competência para questões externas,  o então presidente estadunidense não só perdeu uma oportunidade, mas abriu a cancela para que surgisse o vínculo de sujeição de Bashar al-Assad com o Presidente russo,  Vladimir Putin.

           Tudo isso já foi tratado - e extensamente pelo blog - e não creio seja o caso de maçar o leitor com repetições. No entanto, o Secretário de Estado Rex Tillerson vem a campo para apresentar nova razão para outra encarnação americana na presença militar na Síria. O objetivo está em impedir que o ISIS não venha a reemergir naquele país.

           Recente campanha contra o Exército Islâmico determinou a sua desaparição ou quase no Iraque, depois de uma longa presença em Mossul e com a sua capital em Raqqa, em território sírio. Tem contribuído de forma determinante para o enfraquecimento e a redução territorial  do Exército islâmico também o povo curdo, que é uma das anomalias da História.  Depois de perder a oportunidade maior de dispor de território quando da derrota do Sultão da Sublime Porta, no pós-Grande Guerra, a etnia curda como que vaga pelo espaço médio-oriental na busca de base territorial, que lhe é sistematicamente negada, como ocorreu recentemente em enclave do norte do Iraque, que há algum tempo era, na prática, considerado como território curdo. Perseguidos que são pela Turquia, onde constituem importante minoria, os curdos têm um grande defeito:  em meio a poltrões e a exércitos de pouca fibra, são bons guerreiros, e por isso Washington deles se vale amiúde. Mas em horas de decisão, não costuma apoiá-los na sua perseverante busca por terra que possam chamar sua no conflituado Oriente Médio.

            A missão guerreira - aquela que explicaria a longa presença estadunidense no Afeganistão, mesmo em tempos de Obama, que se lançara na grande política através de sua oportuníssima aposta contra a desastrosa guerra do Iraque, desejada menos por George W. Bush, do que por seus númens tutelares que meteram Washington na monumental fria que possivelmente inicia o declínio da Superpotência - ela parece ser parente próxima da Fênix - a que renasce sempre - pelo seu vezo em meter-se em conflitos em países distantes, dos quais pouco ou nada sabe a ainda Superpotência.

                O trapalhão Donald Trump agora quer manter contingente militar na Síria. Partindo de uma relação estatal ainda mal-entendida -  o que representa a Rússia de Putin para Trump? Fazer com que os Estados Unidos vire aliado do Senhor do Kremlin, ele mesmo Gospodin Putin, parece dose de leão, dadas as relações entre Moscou e Washington. Também nesse campo terá - esperemos em breve - algo a dizer o Conselheiro Especial Robert Mueller III, que investiga o candidato e depois Presidente Donald J. Trump, e seu papel nas intervenções russas através da internet na última eleição americana.


( Fontes:  The New York Times, temas deste blog ). 

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