Afinal, depois de longa espera há
condições para que surja a grande coalizão.
Não será o programa dos sonhos da Chanceler Angela Merkel, mas pode
ser o melhor para a Europa e a governança germânica.
Falta apenas que a SPD, através de seus
conselhos de militantes, aprove o programa da grande coalizão. Como os
sociais-democratas são francamente favoráveis à ideia de mais federalismo em
Bruxelas, é um ponto positivo para a Europa que Schulz conseguiu colocar a
Europa e suas instituições no centro do projeto de governo da futura grande
coalizão.
Horas depois de a Chanceler alemã ter
firmado acordo de coalizão com o lider social-democrata Martin Schulz, o
presidente da França, Emmanuel Macron disse estar
"feliz e satisfeito" por um governo de coalizão que "será útil e
esperado pela Europa e pela França."
Confiando em que os sociais
democratas no poder serão instrumentais para a reforma da U.E., pretendida pela
França e seu presidente, entende-se a satisfação de Macron.
Marcando o viés dessa grande
coalizão, o capítulo sobre "reformar" e "reforçar" a UE e a
Zona do Euro é o mais extenso, prevendos reformas na economia, investimentos na economia digital e combate à
burocracia. Entre as possibilidades evocadas - e sem atentar para a eventual
contradição - está a criação de ministério europeu de finanças, que teria
orçamento próprio e disporia ainda de um fundo monetário europeu, a exemplo do
FMI.
Para especialistas, a provável
coalizão entre a Merkel e Schulz mostra que o governo está disposto a mergular
em uma possível refundação da UE. Segundo Stefan Seidendorf, diretor adjunto do
Instituto de Ludwigsburg, a provável futura grande coalizão mostra que o
governo estaria disposto a mergulhar na refundação da UE. No seu entender,
"a Europa era um dos temas mais sensíveis do acordo e ela retoma pelo
essencial as posições do SPD, em especial a criação de um orçamento da Zona do
Euro", declarou Seidendorf. Nesse sentido, o novo governo Merkel-Schulz "se
mostraria bastante pró-europeu e pronto a contribuir para o debate das
reformas."
Nem tudo, porém, são flores na
progressão desta in fieri Grande Coalizão. Pois a citada aliança, nas
suas bases ora firmadas, terá de arrostar a resistência de parte da opinião pública germânica, que tem dado
sinais de ser avessa a ulterior integração, assim como ao 'fantasma' da
transferência de recursos da Alemanha para países menos desenvolvidos da
Europa. Este é, aliás, o sovado recurso pelos partidos de extrema direita para
denunciar o organismo de Bruxelas.
Há, portanto, resistências
atiçadas pela direita e sobremodo a extrema direita contra a maior integração
na Europa.
A grande coalizão entre a
Merkel e Schulz carece, ora, de ser
confirmada em conferência dos seiscentos delegados do SPD, e, em seguida, pelo
voto da militância partidária. Espera-se que seja uma formalidade...
( Fonte: O Estado de S.
Paulo )
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