domingo, 14 de janeiro de 2018

Hillary, personagem do sábado de aleluia ?

                             

       Às vezes me pergunto como Hillary Clinton aguenta esse tipo de tra-tamento que recebe notadamente de algumas mulheres.  Com a sua derrota diante de Donald J. Trump,  muitas críticas de jornalistas femininas pare-cem que encontraram a sua vaza de despejar um incôngruo ressentimento contra a única mulher na história política dos Estados Unidos que só perdeu para o candidato Trump, por uma série de fatores  negativos que jamais são mencionados pelas viperinas e ressentidas jornalistas que a inculpam de grandes,  embora incôngruos defeitos. Dessa vez, elas tiveram a preciosa ajuda de um republicano, que não se chama Trump, mas sim James Comey, a quem Barack Obama nomeara para o FBI, em estranha homenagem que Mr Comey repagou com incrível vigor, não só destratando Hillary de forma grosseira (em questões que não eram da sua competência), mas também nos dias finais da eleição, escolheu as jornadas da chamada votação antecipada para levantar falsa lebre (insinuou para oito comitês do Con-gresso a possibilidade de que o tal computador do ex-marido de Huma Abedin contivesse material importante para o caso dos e-mails). Nunca se viu coisa similar, tanto mais que uns seis dias depois esta figura das sombras voltaria à ribalta para dizer que nada existia que incriminasse Hillary no tal computador...  Lamentavelmente, porém,  a vantagem de seis %  que a democrata tinha quando esta figura marginal da história interviria de modo tão abstruso e estranho, não é que a tal diferença se havia evaporado, passando a seis por cento pró Trump!
         Hillary - que não teve qualquer ajuda de Barack Obama, tanto nesse capítulo, quanto na escandalosa operação da Rússia, e nas outras várias irregularidades pró-Trump, que penso escusado aqui mencionar - se mos-traria, senão resignada, mas digna, diante das injustiças sofridas,  cousa que o seu concorrente, de forma monótona até, vem evidenciando o quão maculada tenha sido a sua vitória.
         Para completar,  Hillary venceu  no voto popular (por três milhões de sufrágios, o que em qualquer país do planeta seria bastante para  conferir-lhe a vitória. No início do século, já outro democrata (Albert Gore) também 'perdera' a eleição, ganhando no voto popular. Desperta espécie essa temoisia americana em conservar esquema eleitoral do século XVIII, ao invés de proceder como no resto do planeta: que ganhe o que tem mais votos! Seria simples, mas talvez  o GOP e seus adeptos prefiram assim, porque quem possui algum conhecimento da política americana, sabe da força do partido republicano com os juízes, como de resto se viu também naquela eleição do começo do século, em que George W. Bush fruíu da dúbia honra de ser o primeiro presidente do US "eleito" pela Corte Suprema...
         Mas voltemos a esse estranho rancor, esses comentários cruéis e im-piedosos com que tantas mulheres jornalistas acariciam Hillary, como se ela devesse pagar pela sua luta pelo próprio gênero, e pela circunstância de ser até o presente a única candidata mulher que atravessou as primárias, a convenção e até grande parte do processo eleitoral americano, com preparo, coragem e grande capacidade política, a ponto de que  Putin  pôs todas as suas peças em jogo para obstaculizar a vitória desta grande personalidade.
           Como há um Conselheiro Especial  Mr Robert Mueller III que pode ter a última palavra no capítulo,  tenho dificuldade em entender o verdadeiro sentido de tanta viperina mesquinharia que algumas chèrs collégues do jornalismo despejam sobre essa ilustre personalidade, como se a sua presença na arena e a própria capacidade e carisma incomodassem a tantas pessoas que jamais ingressariam nas páginas de grande jornal se não viessem com um maço de vilezas e mesquinharias.
            Para alguns a Superpotência, depois da suma loucura das centenas de bilhões  despejados  na estranhíssima guerra do Iraque, motivada pelas estranhas, miríficas  armas de destruição em  massa (WMD), inventadas por G.W. Bush, já introduziram, sem cerimônia, os EUA no chamado decline, de que já se ocupam jornalistas de nomeada.     
            Uma observação final. No Brasil existe o costume de fustigar no sábado de aleluia, a figura em efígie de Judas. É uma forma, decerto anódina, de despejar  raiva por supostas culpas nesse traidor evangélico. Ser assim tratado nessa data é, em geral, empregado para desafogar a própria insatisfação ou rancor com algum personagem,  representado, em geral, por tosco boneco de palha.

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