quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Chavismo antecipa eleições presidenciais

                             

         A foto de Nicolás Maduro, os olhos cerrados, o braço direito levantado e o indicador em riste,  com larga camisa azul, cercado pelas camisas vermelhas  da imprensa que o acolita,  tudo isso expressa a raiva boçal do líder supremo que, ritualmente, se põe à disposição 'dos setores revolucionários' para a próxima reeleição.
          Por ora, não se sabe para onde caminha - com passos resolutos - a pobre Venezuela.  Maduro está disposto a arrostar o supremo desafio das urnas fraudadas, de onde saíu essa incrível Assembléia Constituinte,  presidida por Delcy Rodriguez. Como na velha União Soviética, voltaram as decisões unânimes.
           Tudo é feito para ganhar tempo em relação aos percalços da Oposição.  Breve se encontrará maneira de desalojar a Oposição da maioria na antiga Assembléia Legislativa.
           Para Diosdado Cabello, o processo eleitoral será antecipado como resposta às sanções impostas contra a Venezuela e vários altos funcionários (como o próprio Cabello), de parte dos EUA e da União Europeia.  Segundo esse Cabello "se o mundo quer aplicar sanções, nós aplicaremos eleições. Poderes imperiais desataram uma campanha sistemática e de ódio contra a Venezuela."
            A "resposta" da Venezuela  oficial  são  palavras vazias que, sem embargo, queimam a gente e qualquer abertura política.  Contra o imperialismo a gritaria de Maduro, e esse processo eleitoral trucado que dizima a Oposição e junto vai a população  à  deriva.
             Como se assinala, a crise econômico-financeira na Venezuela continua a agravar-se.
              Sob o domínio da hiperinflação,  o abastecimento  definha a olhos vistos, com o sofrimento geral da população.  Como o bolívar nada mais compra, as prateleiras dos supermercados estão vazias, assim como as das farmácias e drogarias.  Tolerando por anos uma situação intolerável,  o governo chavista só alimenta a fuga para o exterior, que os países limítrofes já experimentam, e o Brasil (Roraima) não é exceção.
                   Assim, se revivem cenários da Alemanha do primeiro pós-guerra, com a corrida hiperinflacionária.  Tampouco,  pela situação da PDVSA, e a falta de moeda forte para os investimentos indispensáveis,  não há condições de exportar o seu petróleo.
                     A falta de união na Oposição é outro problema.

                    Ao cabo, Maduro convocará eleições e a tragédia venezuelana continuará. Tendo como companheira a hiperinflação, o processo de desfazimento da Venezuela como foi conhecida antes de Chávez e seu discípulo, também  prosseguirá.

                      Com a competência do companheiro Maduro e de seus acólitos, dentre os quais cresce o saturnino Diosdado Cabello, uma das hipóteses que se pode firmar no horizonte seria o eventual surgimento  de um mercado alternativo para a droga, em condições similares às da Somália,  ao passo que esta última, para surpresa de muitos, venha dando sinais de recuperação, no sentido de afinal livrar-se da condição de Estado falido.  Será uma eventual boa coisa para o povo somali, se tal se confirmar.

                      Quanto à situação da Venezuela,  não se pode descontar a probabilidade de que surja, na terra de Bolívar,  uma nova Somália.        
                       


( Fontes: O Estado de S. Paulo, The New Yorker )

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