domingo, 21 de janeiro de 2018

Pelé - Um limite à sua exposição



        Pelé, Edson Arantes do Nascimento,  é  hoje  o quadro  sem  retoque da perseguição bestial que, como grande craque que foi,  sofreu dos beques e dos defensores dos times adversários,  na sua prodigiosa campanha dos mais de mil gols que alcançou graças  ao  próprio  gênio futebolístico - o que dificilmente será igualado.

         Hoje, Pelé, tem de servir-se de  prosaico andador para poder sequer locomover-se, ele, o maior craque de todos os tempos,  que se assinalara  no Santos,  no  Cosmos,  e nas Seleções brasileiras, com especial destaque da grande, decerto a maior de todos os tempos, que foi aquela que logrou, com a beleza do futebol brasileiro,  a maiúscula vitória de  1970.

         Um scratch que além de Pelé, tinha Tostão e Rivelino, e tantos outros jogadores excelsos, marcou glória em nosso futebol, e com letras garrafais.

          Pelé surgira na explosão brasileira do campeonato mundial na Suécia, em 1958. Era um quase menino, que chorou ao cumprimentar o rei da Suécia, Gustavo Adolfo. Havia na seleção canarinho o grande ponta direita Garrincha - faria história a sua pergunta "combinaram com os russos?" - e outros jogadores de altíssimo quilante, como Didi, Bellini e Nilton Santos.

          No entanto,  no campeonato travado na Inglaterra, em 1966  as  botinadas, vis e desleais, marcariam a respectiva inglória presença, visando a Pelé em primeiro lugar, na "homenagem" da deslealdade extrema, a ponto de que teve de sair de campo, ante árbitros covardes e que, ao ver, não sabiam manter o respeito à mínima lealdade pelas equipes em campo. Estranhamente, uma das mais grosseiras e desleais foi a de Portugal, como  se mostraria na sua partida contra a seleção canarinho.

          Pelé, o maior craque brasileiro e mundial de todos os tempos, o homem dos mil gols, seria a vítima maior dessa caça sem dó nem piedade que lhe foi movida por todos os defensores e adversários, que incapazes de detê-lo pelo estro e a habilidade, apelavam ignominiosamente para os truques e recursos mais baixos do futebol, que é o dos pontapés dados pelas costas, na impossibili-dade de detê-lo jogando apenas bola.  Como se viu em  1966, em que valia tudo na Inglaterra (inclusive goal inexistente) o grande Pelé seria a caça da vez de todas as botinadas, truques sujos  et al. de adversários que não se pejavam de confessar que só pela violência e pela deslealdade teriam alguma chance no duelo com o maior atacante do planeta.

          Por isso, o grande  PELÉ,  hoje é um inválido  que tem de servir-se de andador  para locomover-se!   Logo ele, o grande, maior atacante de todos os tempos,  que sempre fora leal com seus adversários,  está hoje transformado em uma espécie de palimpsesto,  onde com os garranchos da ignorância e da falta de respeito não só pelo jogo bretão em si, mas também pelo que é o futebol, destinado  à  habilidade individual e coletiva dos plantéis respectivos, transformado, trucidado, atropelado  pela brutal confissão da própria deslealdade extrema, que parte para machucar e aleijar o adversário como se inimigo fora, ao invés de co-partícipe em um espetáculo encenado em homenagem ao público assistente e não a uma perseguição bestial e desleal ao jogador atacante, a quem se deseja afastar, apelando para que tudo o que há de mais desprezível e contrário ao ethos e ao espírito mesmo desse esporte que tantas emoções provoca, e que encontrou no Brasil, pelo capricho dos deuses, o campo ideal em que realizar-se através da arte e da habilidade de cada um, e não de bestiais recursos que semelham mais encontradiços em arenas para as quais se derrama a bestialidade dos público, enquanto animais inocentes se debatem na defesa da própria vida.

           Pele, o maior gênio do futebol, de quem tive o oportunidade única de assistir ao documentário sobre o seu marco dos mil goals,  hoje se arrasta pelo mundo, para comparecer - a pedido de seus insaciáveis assistentes - a diversas ocasiões em que se festeja o maior desporto do planeta.

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