sábado, 13 de janeiro de 2018

O descarte da Merkel pode esperar

                              

         No começo das dificuldades de Frau Angela Merkel está a baixa vantagem que obteve na eleição deste setembro de 2017, quando a CDU obteve apenas 32% dos votos, o que não lhe dá maioria no Bundestag.
          Daí as intermináveis negociações, com as exigências acrescidas da SPD (social-democratas) e da CSU, a 'gêmea' bávara da CDU, aquelas mais progressistas, a CSU mais conservadora e com medo da eleição que enfrenta neste setembro.
          Muitas exigências dos sociais-democratas de Martin Schulz, o futuro vice-chanceler, tiveram de ser atendidas, com o consequente enfraquecimento do poder da Merkel.  Schulz está alinhado com a proposta do francês Emmanuel Macron, que preconiza criação de Legislativo exclusivo dos países da área de Euro, um cargo de ministro das finanças da moeda única, com orçamento próprio e mutualização de dívidas futuras.
            De qualquer forma, o conteúdo do acordo ainda terá de passar por duas instâncias de avaliação dentro da SPD, antes de a aliança ser confirmada.
             Há ainda, por isso, muita burocracia política pela frente. Como informa o correspondente do Estado, Andrei Netto,  há duas instâncias assembleiares pela frente no SPD. No dia 21, 600 delegados social-democratas avaliarão o acordo.  Uma vez aprovado, ele irá ao voto dos militantes. Esse assembleiarismo, com a desvalorização da liderança social-democrata, pode  provocar até chabu no acordo, o que seria um contra-senso, defronte da ameaça dos renascentes neo-nazistas (Alternativa para a Alemanha)...
               Por isso, subsistem dúvidas sobre a durabilidade deste governo.  O povo alemão, consultado em pesquisa, indica que 56%  não acredita que a Merkel chegue ao fim do quarto mandato, pelo enfraquecimento da aliança. A indefinição eleitoral deixaria no ar atmosfera de República de Weimar, com a sua sucessão de gabinetes fracos e de curta duração.  Não é, porém, esta a opinião do cientista político Marcel Dirsus (Univ. de Kiel), segundo o qual a Chanceler ainda fará parte da paisagem política alemã por um bom espaço de tempo...  



( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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