No começo das dificuldades de Frau
Angela Merkel está a baixa vantagem que obteve na eleição deste setembro de
2017, quando a CDU obteve apenas 32%
dos votos, o que não lhe dá maioria no Bundestag.
Daí as
intermináveis negociações, com as exigências acrescidas da SPD
(social-democratas) e da CSU, a 'gêmea' bávara da CDU, aquelas mais
progressistas, a CSU mais conservadora e com medo da eleição que enfrenta
neste setembro.
Muitas exigências dos sociais-democratas de Martin Schulz, o futuro
vice-chanceler, tiveram de ser atendidas, com o consequente enfraquecimento do
poder da Merkel. Schulz está alinhado
com a proposta do francês Emmanuel Macron, que preconiza criação de Legislativo
exclusivo dos países da área de Euro, um cargo de ministro das finanças da
moeda única, com orçamento próprio e mutualização de dívidas futuras.
De qualquer forma, o conteúdo do
acordo ainda terá de passar por duas instâncias de avaliação dentro da SPD,
antes de a aliança ser confirmada.
Há ainda, por isso, muita
burocracia política pela frente. Como informa o correspondente do Estado,
Andrei Netto, há duas instâncias
assembleiares pela frente no SPD. No dia 21, 600 delegados social-democratas
avaliarão o acordo. Uma vez aprovado,
ele irá ao voto dos militantes. Esse assembleiarismo, com a desvalorização da
liderança social-democrata, pode
provocar até chabu no acordo,
o que seria um contra-senso, defronte da ameaça dos renascentes neo-nazistas
(Alternativa para a Alemanha)...
Por isso, subsistem dúvidas
sobre a durabilidade deste governo. O
povo alemão, consultado em pesquisa, indica que 56% não acredita que a Merkel chegue ao fim do
quarto mandato, pelo enfraquecimento da aliança. A indefinição eleitoral deixaria
no ar atmosfera de República de Weimar, com a sua sucessão de gabinetes
fracos e de curta duração. Não é, porém,
esta a opinião do cientista político Marcel Dirsus (Univ. de Kiel), segundo o
qual a Chanceler ainda fará parte da paisagem política alemã por um bom espaço
de tempo...
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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