O governo Maduro acabou com o sistema de
câmbio preferencial, que reservava a estatais regime cambial de 10 bolívares por
dólar. O objetivo da medida - que não foi acompanhada por liberalização completa
do câmbio, seria o de combater a hiperinflação, que pode chegar a 13.000% em dezembro, segundo estimativa do
FMI.
Esse sistema, que
estava em vigor há cinco anos, era apontado como uma das causas da crise
econômica e fonte de corrupção dentro do governo. Nesse sentido, a oposição
acusa os militares e a burocracia estatal de usar o dólar preferencial - comprado
a 10 bolívares - para especular no mercado negro, onde o dólar chega a 250 mil
bolívares.
O fim do câmbio de 10 para 1 não elimina
as distorções cambiais na Venezuela, mas diminui a pressão sobre o
bolívar. A medida teria óbvio escopo eleitoral. Segundo o economista José
Guerra, se "a desvalorização do bolívar aumenta o custo da dívida, (...)
melhora o caixa da PDVSA (estatal do
petróleo), que terá mais dinheiro para a campanha eleitoral."
A tendência da hiperinflação
é a aceleração, que chega a índices astronômicos. Nesse sentido, o preço da
cesta básica subiu 129,5%, de 9,3 milhões de bolívares para 16,5 milhões.
O absurdo da situação
hiperinflacionária pode ser determinado a cada passo: com o salário mínimo fixado em 248,5 mil
bolívares, para comprar uma cesta básica de família de cinco membros precisa de 66 salários mínimos!
Alguns economistas venezuelanos
elogiaram a nova regra como "o início de uma mudança", mas alertaram
que ela é insuficiente para combater a alta de preços de o governo continuar a
restringir a oferta de dólares, manter o congelamento de preços e a impressão
de dinheiro sem lastro.
No entender de um economista
"seria um bom começo se a taxa unificada fosse flutuante, mas o governo já
prometeu liberar o câmbio e tal não ocorreu de fato", disse o economista Orlando Ochoa.
Nesse quadro, a hiperinflação que
tecnicamente começou em outubro, quando a alta mensal de preços superou os 50%, agravou os efeitos da crise
econômica. Os salários não acompanham a alta de preços,e o poder de compra da população,
mormente a mais pobre, cai a cada dia.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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