Na véspera da sua mensagem ao
Congresso, esse conturbado governo Trump
enfrenta mais uma crise. Andrew McCabe,
vice-diretor do FBI, abandonou ontem o seu cargo e de forma abrupta. Tal
acontece em meio a campanha de integrantes do GOP e da Casa Branca, que tentam desacreditar - como se tal
possível fosse - as investigações sobre o envolvimento do Kremlin na eleição presidencial de 2016.
Indicado para o cargo pelo ex-diretor do
FBI, James Comey, que seria demitido
pelo presidente em maio, McCabe, que se
aposentaria em março p.f., decidiu antecipar a própria saída após ser
pressionado pelo atual diretor do FBI, Christopher Wray. Este último teria pressionado não só acerca
da atuação de McCabe no caso do emprego de e-mails pela Secretária Hillary
Clinton, na sua gestão do Departamento
de Estado, mas também no inquérito sobre o envolvimento da Rússia
na eleição presidencial.
Pelo visto, os órgãos supostos de serem
apolíticos como o FBI semelham nessa administração cada vez mais envolvidos em
política, como as acusações no caso parecem sublinhar.
A mulher de McCabe é democrata, e foi candidata ao Senado,pelo
estado da Virgínia, em 2016. A sra. McCabe recebeu quase US$ 500 mil em doações
de organização dirigida por pessoa
próxima do casal Clinton. Nesse sentido, Trump e os republicanos
tentaram valer-se desse fato como prova de que a investigação sobre a Rússia
teria motivação política.
McCabe só assumiu o cargo de
vice-diretor do FBI depois que a esposa
foi derrotada na eleição para o Senado.
Ele só abandonou esse cargo quando os republicanos no Congresso
ameaçam revelar documentos secretos que
segundo o GOP revelariam motivações políticas dos investigadores do FBI e de integrantes
do Departamento de Justiça no caso da Rússia.
Com pertinência, essa atitude é
criticada por parlamentares democratas, que acusam os republicanos de
distorcerem mensagens trocadas entre integrantes do FBI, depois da eleição de
2016.
Entre os alvos, está Rod
Rosenstein, o subsecretário de Justiça responsável pela nomeação de Robert Mueller, como Procurador Especial nas
investigações sobre a atuação da Rússia na eleição.
Como já foi referido pelo
blog, na semana passada reportagem do New York Times revelara que Trump tentara
demitir Mueller em junho p.p., mas enfrentara
oposição do conselheiro jurídico da Casa Branca, Donald McGahn.
Em tese, o ato de demissão do
Procurador Especial carecia de ser assinado por Rod Rosenstein, que o nomeara
depois que o Secretário de Justiça Jeff Sessions - a despeito da exasperação do
Presidente Trump - se declarara impedido para tomar decisões relativas à
investigação sobre a Rússia, por haver participado da campanha de Trump.
Como é público, Mueller foi nomeado depois da decisão de
Trump de demitir Comey. A justificativa
inicial do Presidente de que a demissão de Comey fora motivada pela sua suposta má performance
no cargo seria desmentida pelo próprio Presidente, em entrevista à NBC, quando
afirmou que a insistência de Comey em investigar a questão estava na base da decisão presidencial.
Não há negar, portanto, que
os fatos tendem a envolver cada vez mais o Presidente Trump em um caso de
obstrução de Justiça - que, de resto, seria a motivação presidencial em ver-se
livre de Comey.
( Fonte: O
Estado de S. Paulo )
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