terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O Vice do FBI se exonera

                   

       Na véspera da sua mensagem ao Congresso,  esse conturbado governo Trump enfrenta mais uma crise.  Andrew McCabe, vice-diretor do FBI, abandonou ontem o seu cargo e  de forma abrupta. Tal acontece em meio a campanha de integrantes do GOP e da Casa Branca, que tentam desacreditar - como se tal possível fosse - as investigações sobre o envolvimento do Kremlin na eleição presidencial de 2016.
       Indicado para o cargo pelo ex-diretor do FBI, James Comey,  que seria demitido pelo presidente em maio,  McCabe, que se aposentaria  em março p.f.,  decidiu antecipar a própria saída após ser pressionado pelo atual diretor do FBI, Christopher Wray.  Este último teria pressionado não só acerca da atuação de McCabe no caso do emprego de e-mails pela Secretária Hillary Clinton,  na sua gestão do Departamento de Estado,  mas também  no inquérito sobre o envolvimento da Rússia na eleição presidencial.
        Pelo visto, os órgãos supostos de serem apolíticos como o FBI semelham nessa administração cada vez mais envolvidos em política, como as acusações no caso parecem sublinhar.
         A mulher de McCabe  é democrata, e foi candidata ao Senado,pelo estado da Virgínia, em 2016. A sra. McCabe recebeu quase US$ 500 mil em doações de organização dirigida por pessoa  próxima do casal Clinton. Nesse sentido, Trump e os republicanos tentaram valer-se desse fato como prova de que a investigação sobre a Rússia teria motivação política.
          McCabe só assumiu o cargo de vice-diretor do FBI  depois que a esposa foi derrotada na eleição para o Senado.  Ele só abandonou esse cargo quando os republicanos no Congresso ameaçam  revelar documentos secretos que segundo o GOP revelariam motivações políticas dos investigadores do FBI e de integrantes do Departamento de Justiça no caso da Rússia.
            Com pertinência, essa atitude é criticada por parlamentares democratas, que acusam os republicanos de distorcerem mensagens trocadas entre integrantes do FBI, depois da eleição de 2016.
                 Entre os alvos, está Rod Rosenstein, o subsecretário de Justiça responsável pela nomeação de  Robert Mueller, como Procurador Especial nas investigações sobre a atuação da Rússia na eleição.
                  Como já foi referido pelo blog, na semana passada reportagem do New York Times revelara que Trump tentara demitir Mueller em junho p.p., mas enfrentara  oposição do conselheiro jurídico da Casa Branca, Donald McGahn.
                 Em tese, o ato de demissão do Procurador Especial carecia de ser assinado por Rod Rosenstein, que o nomeara depois que o Secretário de Justiça Jeff Sessions - a despeito da exasperação do Presidente Trump - se declarara impedido para tomar decisões relativas à investigação sobre a Rússia, por haver participado da campanha de Trump.
                Como é público,  Mueller foi nomeado depois da decisão de Trump de demitir Comey.   A justificativa inicial do Presidente de que a demissão de Comey  fora motivada pela sua suposta má performance no cargo seria desmentida pelo próprio Presidente, em entrevista à NBC, quando afirmou que a insistência de Comey em investigar a questão  estava na base da decisão presidencial.
                   Não há negar, portanto, que os fatos tendem a envolver cada vez mais o Presidente Trump em um caso de obstrução de Justiça - que, de resto, seria a motivação presidencial em ver-se livre de Comey.


( Fonte:  O  Estado de S. Paulo )    

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