domingo, 7 de janeiro de 2018

Mais um calote no BNDES?

                              

         Faz tempo que o meu bom senso (que costuma ser fruto da experiência, e, por conseguinte, dos anos) vem experimentando dúvidas sobre o que hoje se chama bom-senso.
         Não podemos entregar aos políticos a gestão do BNDES. Em verdade, chamam muita vez os banqueiros de burros, mas não se deve confundir cautela com improvisação e - o que é ainda pior - curvar-se às recomendações políticas.
         Não é esta a vez primeira que falo da cerimônia - nos dílmicos tempos - de financiamento pelo BNDES de um porto cubano no Caribe (Mariel).
         Aquela visão já me inquietara - e a inquietude aumentou quando vi  a fileira de clientes potenciais da munificência brasileira, entre os quais o ainda verdolengo señor Nicolás Maduro...
         Com os portos brasileiros - Paranaguá inclusive - enfrentando as deficiências de maquinaria antiquada - perguntei-me o que fazia o nosso BNDES naquelas lonjuras caribenhas, a atrair tantos gaviões da alegre esquerda chavista e quejandos,  quando mais se sentiam as falhas no equipamento de nossos portos?
          Agora vemos o resultado dessas míopes bondades dos administradores de turno: "Depois de Venezuela e Moçambique, Angola pode ser o próximo  a atrasar pagamentos de empréstimos do BNDES, que financiaram obras de empreiteiras brasileiras (como a notória Odebrecht). O BNDES tem a descoberto US$ 4,3 bilhões a receber neste setor: US$ 2 bilhões  dos três países. Angola é o maior devedor do BNDES,  já anunciou pacote de ajuste que prevê a renegociação da dívida externa. A conta dos atrasos ficará com o Tesouro Nacional, mas não há espaço para previsão orçamentárias para calotes.[M1] "
             Nesse assunto, creio oportuno relembrar o título desse Banco: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico. É o esquecimento do parâmetro nacional  uma das principais causas dos problemas desta grande contribuição de Juscelino Kubitschek para o desenvolvimento nacional.  Que ela hoje seja esquecida, desvirtuada e utilizada politica e estupidamente, pois não outro adjetivo e advérbio que possa ser usado no capítulo, com o desperdício da poupança nacional e, sobretudo, da prioridade que o interesse do Brasil em termos de infraestrutura e quejandos (em nossa economia) deva ter sobre inversões aventurosas como aquelas no Continente africano, em que o generoso governo petista chegou a perdoar muitas dívidas de roubocratas africanos, e tal com a maior desfaçatez.  Ao ver o dinheiro brasileiro do BNDES desperdiçado para equipar um longínquo porto cubano (Mariel) no Caribe, é o caso de perguntar porquê esse perdularismo (e essa facilidade em desculpar dívidas) que mostraram no passado - e, pelo visto, também no presente - os governantes brasileiros. E deveras não surpreende que tantos tenham vindo para a exposição do desperdício do dinheiro (dólares) nacional, com na fila dos abutres o hoje conhecidíssimo Nicolás Maduro, entre outros.
            Infelizmente, ver Maduro naquela fila me traz à memória os esqueletos da Odebrecht, hoje abandonados no interior venezuelano. E não são unicamente esses riscos em concreto e ferro de dólares desperdiçados em negócios escusos, como os calamitosos empreendimentos do governo Maduro, talvez o campeão em termos de desonestidade e incompetência em Latino América, o que, para nossa vergonha, se repete em outras plagas sul-americanas, com os esqueletos de fraudes, negociatas, a par da mal-cheirosas operações estruturadas da dita Odebrecht.
              Acho que é mais do que tempo de melhor empregar as nossas divisas, de forma a que sejam propulsoras não de riquezas particulares ou de governanças abstrusas, mas sim do nosso próprio desenvolvimento, ainda que se desagradem certos eventuais fregueses.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )


 [M1]

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