Faz tempo que o meu bom senso (que costuma ser fruto da
experiência, e, por conseguinte, dos anos) vem experimentando dúvidas sobre o
que hoje se chama bom-senso.
Não podemos entregar aos políticos a
gestão do BNDES. Em verdade, chamam muita vez os banqueiros de burros, mas não
se deve confundir cautela com improvisação e - o que é ainda pior - curvar-se
às recomendações políticas.
Não é esta a vez primeira que falo da cerimônia - nos dílmicos
tempos - de financiamento pelo BNDES de um porto cubano no Caribe (Mariel).
Aquela visão já me inquietara - e a
inquietude aumentou quando vi a fileira de clientes potenciais da
munificência brasileira, entre os quais o ainda verdolengo señor Nicolás
Maduro...
Com os portos brasileiros - Paranaguá inclusive - enfrentando as
deficiências de maquinaria antiquada - perguntei-me o que fazia o nosso BNDES
naquelas lonjuras caribenhas, a atrair tantos gaviões da alegre esquerda
chavista e quejandos, quando mais se
sentiam as falhas no equipamento de nossos portos?
Agora vemos o resultado dessas míopes
bondades dos administradores de turno:
"Depois de Venezuela e Moçambique, Angola pode ser o próximo
a atrasar pagamentos de empréstimos do BNDES, que financiaram obras de
empreiteiras brasileiras (como a notória Odebrecht). O BNDES tem a descoberto
US$ 4,3 bilhões a receber neste setor: US$ 2 bilhões dos três países. Angola é o maior devedor do
BNDES, já anunciou pacote de ajuste que
prevê a renegociação da dívida externa. A
conta dos atrasos ficará com o Tesouro Nacional, mas não há espaço para
previsão orçamentárias para calotes.[M1] "
Nesse assunto, creio oportuno relembrar o título desse Banco: Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico. É o esquecimento do parâmetro nacional uma das principais causas dos problemas desta
grande contribuição de Juscelino Kubitschek para o desenvolvimento
nacional. Que ela hoje seja esquecida,
desvirtuada e utilizada politica e estupidamente, pois não outro adjetivo e
advérbio que possa ser usado no capítulo, com o desperdício da poupança
nacional e, sobretudo, da prioridade que o interesse do Brasil em termos de
infraestrutura e quejandos (em nossa economia) deva ter sobre inversões
aventurosas como aquelas no Continente africano, em que o generoso governo
petista chegou a perdoar muitas dívidas de roubocratas africanos, e tal com a
maior desfaçatez. Ao ver o dinheiro
brasileiro do BNDES desperdiçado para equipar um longínquo porto cubano (Mariel) no Caribe, é o caso de perguntar
porquê esse perdularismo (e essa facilidade em desculpar dívidas) que mostraram
no passado - e, pelo visto, também no presente - os governantes brasileiros. E
deveras não surpreende que tantos tenham vindo para a exposição do desperdício
do dinheiro (dólares) nacional, com na fila dos abutres o hoje conhecidíssimo
Nicolás Maduro, entre outros.
Infelizmente, ver Maduro naquela
fila me traz à memória os esqueletos da Odebrecht,
hoje abandonados no interior venezuelano. E não são unicamente esses riscos em
concreto e ferro de dólares desperdiçados em negócios escusos, como os
calamitosos empreendimentos do governo Maduro, talvez o campeão em termos de
desonestidade e incompetência em Latino
América, o que, para nossa vergonha, se repete em outras plagas
sul-americanas, com os esqueletos de fraudes, negociatas, a par da
mal-cheirosas operações estruturadas
da dita Odebrecht.
Acho que é mais do que tempo de
melhor empregar as nossas divisas, de forma a que sejam propulsoras não de
riquezas particulares ou de governanças abstrusas, mas sim do nosso próprio
desenvolvimento, ainda que se desagradem certos eventuais fregueses.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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