sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Trump na China: intermediação ?

                              

      A visita do Presidente Donald Trump à China de Xi Jinping terá sido outra ocasião em que a sua atitude, em relação aos seus predeces    sores no cargo, tenha projetado  uma impressão de algum desconforto para o público americano.            
      Embora a questão seja delicada, várias ocasiões permitem especular -  e a atitude da imprensa estadunidense não semelha contrariar tal interpretação - que  Trump haja aspirado projetar uma postura deferente  em relação ao seu anfitrião. Não há nenhum antecedente nesse domínio em que outro presidente americano se tenha mostrado com tanta vontade de agradar ao seu anfitrião.
       Para que Trump projete essa postura que nada tem a ver com a do líder da superpotência,  não se pode excluir que o público americano teria toda razão de achar algo peculiar tal atitude, que não tem precedentes entre os líderes estadunidenses que o precederam em visitas oficiais à RPC.
       Como Trump tem um óbvio problema com a Coréia do Norte, talvez esse esforço de ultra-cortesia - que poderia dar a impressão de um desnível na relação - tenha  por escopo conseguir do líder chinês - que acaba de sair um bem-sucedido Congresso, no qual a sua posição chegaria a nivelar-se com Mao Zedong em termos de poder e de culto da personalidade - um grande e especial obséquio.
        Trata-se de lograr de Xi Jinping  os seus bons ofícios junto a Kim Jong-un  para que esse tenha doravante atitude  menos belicista e  mais acomodatícia para com os Estados Unidos da América, e por conseguinte com o próprio Trump.  Como Trump, seja por falta de experiência, seja pela própria inabilidade,  não está logrando superar a crise com um Estado que é de longa data aliado com a República Popular da China,  terá parecido  ao Presidente americano que Beijing bem poderia contribuir para reduzir a tensão entre os dois países se quiser empregar a própria influência (e experiência diplomática)  junto a esse seu aliado de longa data.

          Com a experiência que detém com relação à Coreia do Norte e ao seu atual líder, e, ao que poderíamos contrapor, a inexperiência do Presidente estadunidense nesse gênero de desafio, ainda que pareça difícil em termos de personalidade que um tal projeto seja visualizado por Trump, não se poderia excluí-lo ex-abrupto, sobretudo se tivermos em conta que está no interesse do líder estadunidense sair do atoleiro em que ele adentrou, por inexperiência diplomática, e por falta de habilidade em conduzir a crise,  o que levou ao acirramento das tensões, notadamente pela não-utilização dos canais habituais, que tendem a contribuir para evitar um desnecessário e perigoso protagonismo. 

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