O ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) atualmente
preso na cadeia em Curitiba, negou nesta semana, que seu silêncio tenha sido "comprado",
para evitar que fizesse delação e implicasse o presidente Michel Temer.
Em depoimento prestado à Justiça Federal
em Brasília, Cunha disse que a suposta trama, levantada na colaboração do
empresário Joesley Batista, da JBS, foi
montada pela Procuradoria-Geral da República para provocar a queda do
Presidente.
A acusação embasou a segunda denúncia
ajuizada pelo ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot,
contra Michel Temer. A Câmara negou
prosseguimento à ação.
"Prova forjada. Deram uma forjada e
o senhor Joesley foi o cúmplice dessa
forjada. Ele está pagando por isso o
preço agora", declarou Cunha, referindo-se ao pedido de rescisão de
delação.
"Ele (Joesley) construíu a retórica
de que o senhor Michel Temer era complacente com a compra do silêncio para eu
não delatar," comentou.
Cunha foi interrogado na ação em que
é réu por suposto envolvi- mento em esquema de corrupção na Caixa. Também são
acusados o corretor Lúcio Funaro e o ex-vice-presidente da Caixa, Fábio Cleto,
ambos delatores do caso, além do ex-ministro e ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
O ex-deputado negou todas as
acusações de recebimento de propina
feitas pelo MPF e o pelos colaboradores. Disse que sua defesa vai pedir
perícia de planilhas apresentadas por Funaro, nas quais constariam os
pagamentos ilícitos feitos a ele.
O ex-deputado usou a maior parte de
seu depoimento para tentar desconstruir a delação de Funaro e acusar o ex-parceiro
de praticar crimes e mentir. "A delação que ele faz agora está me
transformando no Posto Ipiranga. Tudo é
o Cunha", ironizou.
Ele
negou,v.g., que Funaro tenha comprado para ele um aparta-mento que pertencia ao
ex-jogador de futebol Vampeta, como disse o delator na semana passada.
Segundo a versão do ex-presidente da
Câmara, Eduardo Cunha, Funaro deu a Vampeta um cheque somente para garantir o
negócio, mas o valor não chegou a ser descontado. Cunha disse que posteriormente
deu outro cheque para substituir o de Funaro, e que tem documentos para comprová-lo.
O apartamento, no bairro do
Pacaembu (zona oeste) seria usado por uma filha de Cunha que iria fazer
faculdade na região. Após o depoimento de Funaro, o ex-jogador Vampeta foi
procurado pela Folha e confirmou ter vendido o imóvel a Funaro.
O ex-presidente da Câmara disse
ainda que o doleiro soube antecipadamente da Operação Catilinárias, da Polícia
Federal, em dezembro de 2015, e retirou jóias e obras de arte de sua casa.A
opera- ção mirou a cúpula do PMDB.
Cunha também afirmou que, em
2015, foi avisado por Funaro para que não enviasse nenhuma mensagem para ele, tendo em vista
que estava sendo monitorado pela PF.
Cunha afirmou outrossim que Funaro não
esteve com Temer nas ocasiões que o operador mencionou em depoimentos.
( Fonte: Folha de S. Paulo )
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