domingo, 19 de novembro de 2017

Impasse político na Alemanha

                                    

         Depois do esvaziamento da chamada Grande Coalizão,  liderada pela CDU/CSU, com a parceria  dos socialistas (SPD),   a principal política alemã, Ângela Merkel,  se descobriu diante de um desafio inesperado. O prazo inicial para o término das negociações vencerá nesta  4ª feira, dia quinze de novembro, e a Chanceler  decidiu estendê-las até a tarde deste domingo, dezenove.
          Agora, com um curtíssimo prazo, é de perguntar-se se essa coalizão quadripartite (CDU, a vertente bávara CSU), os Verdes e o FDP (liberais) ) logrará formar-se.
           Além da resistência existente a um acordo nas políticas européia, migratória e climática, o clima político não está fácil. A SPD-socialista, preferiu não mais formar a Grande Coalizão, com a CDU.  Por outro lado, os Verdes endurecem notadamente na vertente climática. De toda maneira, surpreende bastante que na coalizão da CDU, os Verdes estejam criando tantas dificuldades.  Paira sobre esses menores o fantasma da 'Alternativa para a Alemanha', o partido neo-nazista que, talvez com base na entrada de um milhão de imigrantes por ordem da Merkel,  tenha visto inchar a respectiva quota de votos, ingressando por vez primeira no Parlamento.  Essa crise relembra e não pouco a dificuldade na formação de gabinetes na República de Weimar, com os consequentes tétricos resultados  que facilitaram a participação dos nazistas nas aras do poder. Seria interessante que os partidos pensassem um pouco mais na República e no perigo que ela correria se os neo-nazistas venham a adquirir maior peso político - o que representaria um risco nada-negligenciável, se houver o desgaste de nova chamada às urnas. Haverá o consequente enfraquecimento dos partidos democratas,  dada a sua comprovada incapacidade  - por motivos nem sempre defensáveis - de não conseguirem formar governo. A Alternativa para a Alemanha tem crescido à custa dos partidos do chamado arco-constitucional. A irresponsabilidade de muitos desses partidos em se aferrarem às respectivas posições egoísticas, sem atentarem para o perigo maior dos neo-nazistas pode representar para eles um duplo castigo, além de contribuírem para tornar ingovernável  o Bundestag (Parlamento federal). Será isso mesmo o que querem muitos dos partidos do arco constitucional? Como no velho ditado, não desejem muito uma coisa, porque ela pode acabar acontecendo...


( Fonte: Folha de S. Paulo )

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