Depois do esvaziamento da chamada
Grande Coalizão, liderada pela CDU/CSU,
com a parceria dos socialistas
(SPD), a principal política alemã, Ângela Merkel, se descobriu diante de um
desafio inesperado. O prazo inicial para o término das negociações vencerá nesta
4ª feira, dia quinze de novembro, e a
Chanceler decidiu estendê-las até a
tarde deste domingo, dezenove.
Agora, com um
curtíssimo prazo, é de perguntar-se se essa coalizão quadripartite (CDU, a
vertente bávara CSU), os Verdes e o FDP (liberais) ) logrará formar-se.
Além da resistência existente a um
acordo nas políticas européia, migratória e climática, o clima político não
está fácil. A SPD-socialista, preferiu não mais formar a Grande Coalizão, com a
CDU. Por outro lado, os Verdes endurecem
notadamente na vertente climática. De toda maneira, surpreende bastante que na
coalizão da CDU, os Verdes estejam criando tantas dificuldades. Paira sobre esses menores o fantasma da 'Alternativa
para a Alemanha', o partido neo-nazista que, talvez com base na entrada de um
milhão de imigrantes por ordem da Merkel,
tenha visto inchar a respectiva quota de votos, ingressando por vez
primeira no Parlamento. Essa crise relembra
e não pouco a dificuldade na formação de gabinetes na República de Weimar, com
os consequentes tétricos resultados que
facilitaram a participação dos nazistas nas aras do poder. Seria interessante
que os partidos pensassem um pouco mais na República e no perigo que ela
correria se os neo-nazistas venham a adquirir maior peso político - o que
representaria um risco nada-negligenciável, se houver o desgaste de nova
chamada às urnas. Haverá o consequente enfraquecimento dos partidos
democratas, dada a sua comprovada
incapacidade - por motivos nem sempre
defensáveis - de não conseguirem formar governo. A Alternativa para a Alemanha
tem crescido à custa dos partidos do chamado arco-constitucional. A
irresponsabilidade de muitos desses partidos em se aferrarem às respectivas
posições egoísticas, sem atentarem para o perigo maior dos neo-nazistas pode
representar para eles um duplo castigo, além de contribuírem para tornar
ingovernável o Bundestag (Parlamento federal). Será isso mesmo o que querem muitos
dos partidos do arco constitucional? Como no velho ditado, não desejem muito
uma coisa, porque ela pode acabar acontecendo...
(
Fonte: Folha de S. Paulo )
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