Ao não conseguir costurar um acordo quadripartite, Angela Merkel, cuja vitória parcial nas
últimas eleições seria desgastada por uma série
de desafios, a partir do momento que os líderes das demais legendas,
diante da recusa de renovação da grande
coalizão entre CDU/CSU e SPD
(cristãos democratas e socialistas), passaram a agir como se o
respectivo poder tivesse saído aumentado nas últimas eleições.
Na verdade, a SPD optou pela oposição
e não a grande-coalizão anterior, por não se conformar em ter a Merkel como
líder da aliança, e não o próprio líder Jorgen Meuthen. Reações análogas ocorreram
com o líder do FDP, um tradicional aliado da CDU, que preferiu ir para a oposição do que
participar da aliança quadripartite.
Com efeito, a desenvoltura de
Christian Lindner, líder do FDP (Partido dos Democratas Livres) o levou a
romper as negociações quadripartites, com uma arrogância de quem parece ter
esquecido o longo tempo em esse aliado tradicional da CDU sequer pôde ingressar
no Bundestag, por não cumprir o
requisito dos 5% de votos.
O programa dos Verdes - que fariam
parte da aliança da Merkel - constituíu o pretexto para que Lindner afiançasse arrogância
que a realidade politica alemã desaconselha.
Na verdade, na presente
circunstância, o único aliado de fé da CDU, é a sua própria irmã gêmea, a CSU
(A União Cristã Socialista), que é o ramo cristão-democrata da Baviera.
Apesar de haver vencido as eleições, a CDU/CSU careceria de apoio externo, o que
no passado era prestado pelos liberais democratas. O atual líder do FDP terá
esquecido os anos em que passou fora do Parlamento Federal . Hoje ele atua como
se a Alternativa Alemã (os neo-nazistas), não houvesse
entrado no Bundestag, com todas as
consequências que um partido de extrema direita - e na Alemanha - tende a
acarretar para o cenário político. A
presença dos neo-nazistas na Alemanha democrática logo reacenderá os velhos
temores quanto a instabilidade da chamada República de Weimar, que acabou
abrindo a porta para Herr Adolf Hitler. Se a situação não pode ser comparada
aos anos vinte, tampouco se deve brincar com gabinetes fracos ou longos
períodos de desgoverno.
Tanto o FDP, quanto em menor
grau a SPD (socialista) estão agindo politicamente como se a Alternativa para a Alemanha (o título
dos neo-nazistas) não fosse um problema sério. Atuando com a irresponsabilidade de chefetes de partidos menores - como o FDP - ou com a
arrogância dos sociais democratas, os
chamados partidos do arco constitucional
na Alemanha não semelham dar-se conta de que estão fazendo o jogo dos
neo-nazistas, ao lançar a Alemanha democrática sob o governo de gabinetes fracos, minoritários ou de instàvel coalizão, com que a atual Alemanha democrática parece
cair na armadilha dos fracos e instáveis gabinetes da República de Weimar.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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