Segundo o artigo de José Casado, foram 59
participantes e onze ausentes em um jogo combinado. Como escreve o articulista,
não se conhecem as razões para a súbita inibição exibida ontem pela bancada
oposicionista.
Ainda de acordo com Casado, de repente esvaiu-se o habitual belicismo bem
como a retórica inflamada contra a corrupção "do PMDB".
Tampouco desta feita, ninguém se deu ao
incômodo de ir às escadarias da Assembléia para acenar ao reduzido grupo de
manifestantes, inflado por ativistas do sindicalismo policial e acossado pela
tropa de choque da PM.
O que se viu no plenário foi estranha
visão de oposição matizada e camaleônica mesmo. PT, PSOL, PDT e Rede esbanjaram
cautela nas atitudes, timidez nos discursos e até o PT e o PSOL chegaram a dar
dois votos a favor na "decisão política", consoante justificou Marcelo
Freixo (PSOL).
Não há maneira de disfarçar o fato de
que os deputados estaduais se uniram em acachapante maioria (66%) a favor do
trio de presos, a quem o M.P. acusa de corrupção e lavagem de dinheiro de
propina paga por empresas privadas, beneficiárias de mais de R$ 138 bilhões em
privilégios fiscais nos últimos cinco anos.
Chegaram até a não mencionar os nomes
dos chefes da Casa, o Presidente Jorge Picciani, o ex-presidente Paulo Melo e o
deputado Edson Albertassi, "o predileto de Picciani, que foi sem nunca ter
sido conselheiro do Tribunal de Contas do Estado."
Como afirma Casado, tampouco "se
tangenciou as motivações alegadas pelo M.P. para as prisões, e aceitas sem
ressalvas em duas instâncias da Justiça Federal.Segundo os procuradores "o
flagelo ao qual está submetido o estado do Rio de Janeiro possui conexão direta
com o esquema criminoso que se instalou em seus principais órgãos de
cúpula."
E a conivência é imprecada ao
Legislativo : "A captura do sistema político pela corrupção fica visível
pela taxa de sucesso das proposições legislativas de iniciativa do poder
executivo, de aprovação de indicados para ocupação de cargos no Tribunal de
Contas e agências reguladoras, em razão da larga base parlamentar do governo
Sérgio Cabral obtida mediante a divisão do poder executivo com os
parlamentares, por meio dos indicados políticos que, assim, passavam a ter maior controle sobre recursos
e contratos." Em outras palavras, a Alerj está no epicentro da corrupção
sistêmica.
Em comunhão
corporativa, os presentes e os ausentes manifestaram-se mais preocupados com a defesa prévia do que,
por exemplo, com o iminente colapso do transporte público do Rio, entregue às
empresas acusadas de corromper o Executivo e o Legislativo - e cujas planilhas
de propinas estão na gênese do decreto de prisão dos 3 deputados.
Dado o chavascal
estadual, a esperança está na esfera
federal, O STF deve ser acionado para ocupar-se do caso na próxima semana,
podendo anular a votação da Alerj. Dois
Ministros indicaram à imprensa que
há possibilidade de a decisão ser reputada inconstitucional.
(Fontes:
José Casado(O Globo),Folha de S. Paulo,O Estado de S. Paulo)
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