O comando da Marinha argentina sabia da gravidade dos problemas do submarino, mas recusou mudança de rumo requisitada pelo capitão Pedro Fernández. Às seis horas de 4ª feira, dia quinze, o comandante Fernández - que no dia anterior informara que uma das baterias sofrera curto-circuito por vazamento no snorkel - requisitou uma mudança de rumo.
Naquele momento, o submarino estaria a pouco
mais de 300 km de Comodoro Rivadavia.
Com a velocidade - entre quinze e vinte km/h - a embarcação teria
chegado com segurança em terra. A ordem,
no entanto, fora a de seguir na rota de Mar del Plata.
Com as dificuldades causadas pelo vazamento, o San Juan tinha de emergir para se comunicar
com a base. Com o mar muito agitado e ondas em torno de oito metros, o
submarino era bastante golpeado na superfície.
Por isso, o capitão Fernández teria tomado a decisão de navegar submerso,
com isso perdendo a capacidade de propulsão a diesel e com metade das baterias
inutilizada.
Três horas depois da última comunicação
com a base em Mar del Plata, o submarino explodiu, segundo informações enviadas
pela Orga- nização do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares, com sede
em Viena - que tem sensores para monitorar detonações ao redor do mundo.
Talvez enganados pela rotina, em Mar
del Plata os subcomandantes não consideraram a situação grave. Tanto que o
chefe da Marinha, o almirante Marcelo Stur, foi informado apenas na tarde de quinta-feira, dia
dezesseis - mais de vinte e quatro horas depois do acidente. O Ministro da
Defesa, Oscar Aguad, e o presidente Mauricio Macri só souberam da tragédia à
noite e pela imprensa - o que enfureceu a
Casa Rosada.
A deputada governista Elisa Carrió
disse ontem que o acidente "é um acontecimento irreversível" e a
tripulação "está morta". "O Estado não pode dizer até que tenha
certeza absoluta. Mas eu posso", afirmou Carrió em entrevista ao Canal 13.
"Tenho de dizer: estão mortos."
Onze dias após o acidente, a
Marinha argentina ainda não reconheceu a morte dos 44 tripulantes do ARA San
Juan. Ontem em Buenos Aires, o porta-voz Enrique Balbi levantou a hipótese de
que os marinheiros estejam "em
condições extremas de sobrevivência".
"Nin- guém pode dizer que o acontecimento é irreversível, porque ainda não
conseguimos encontrá-los", disse.
Segundo edição de ontem do jornal La Nación, investigação do Ministério da
Defesa encontrou "irregularidades"
na compra das baterias do San Juan. Especialistas descobriram que, entre
2015 e 2016, a Marinha violou padrões regulatórios e operacionais para o reparo
de meia-vida e substituição de baterias. Ao que tudo indica, houve interesse em
beneficiar determinados fornecedores e, no processo, foram adquiridos
equipamentos com garantias vencidas.
Enquanto isso, as operações de
resgate seguiram ontem em Comodoro Rivadavia, onde equipes de catorze países
participam das buscas. O navio norueguês Sophie Siem finalmente partiu para a área onde o submarino desapareceu. O
minissubmarino que buscará a embarcação no fundo do mar se juntará a 7 navios
que vasculham a região.
(
Fonte: O Estado de S.
Paulo )
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