Duas agências de risco - a Standard
& Poor's e a Fitch - declararam ontem o default
parcial da dívida externa da Venezuela e da estatal do petróleo, a PDVSA. O que acionou esta medida se deve à
circunstância de que o país não conseguiu pagar US$ 200 milhões em bônus
globais - a dívida total do país está orçada em US$ 150 bilhões.
Não é
segredo que a Venezuela sofre a pior crise economico-financeira de sua
história. Essa crise se deve a vários fatores. Em verdade, se foi agravada com
a baixa nas cotações do petróleo, a partir de 2014, dentre as razões
determinantes dessa mega-crise está a provada incompetência do governo
Maduro, que agravou a inflação, que se
tornou hiper-inflação, com a desvalorização extrema do bolívar, o desabastecimento
extremo, a fuga de capitais e a queda de produção. Outro fator
não-negligenciável é a corrupção e o
desgoverno generalizado.
Com a sua cúpula envolvida no
narco-tráfico, e a falta de qualquer
senso administrativo de parte dos chefes do partido chavista, não há política que desperte confiança nos
consumidores, dada a prevalência dos gastos sem atender a quaisquer objetivos
que visem a uma gestão que possa inspirar confiança ao consumidor, tudo se
busca resolver na base do compadrio, sem qualquer otimização dos gastos. Se na
política, os resultados da gestão Maduro são os piores, pois afastam os melhores
elementos da sociedade e criam um clima de anarquia, em que se desestimulam
aqueles que poderiam contribuir para uma melhoria das condições, e se promove
uma anti-política em que a regra é o favoritismo baseado em distribuição de
moeda que se desvaloriza sempre mais.
A Venezuela se transformou em um
verdadeiro inferno, não de Dante, mas de Orwell, sem perspectivas outras que o
aprofundamento do favoritismo dos que integram os chamados coletivos, das regalias aos janízaros, enquanto se reserva
a lei da polícia e das milícias para
vigiar e controlar pelo medo as demais classes a que restam uma cruel
dicotomia: a emigração ou a sujeição, implantadas pelas polícias políticas
bolivarianas.
Como não se respeitam sequer os
direitos que estavam na Constituição de Chávez - tenha-se presente que Nicolás
Maduro resolveu o problema do 'recall' pela negação pura e simples. Como a república de Chávez
sequer existe, Maduro optou por uma
constituição que foi homologada pela
fraude. Com isso, ele busca mostrar que a outra Assembleia que tem respaldo
popular não tenha poder. Enquanto o exército o apoiar, Maduro nada tem a temer.
Por isso, a opção aberta para o
povo venezuelano é ou viver o inferno atual ou lançar-se em um demencial ataque
contra o Regime Corrupto de Maduro que, na situação atual, parece ter condições
de enfrentar uma insurreição. Está na total falta de opções outras que as do
desespero, que reside a vantagem de Maduro. Como cães gordos, dificilmente o
Exército se levantará contra o ditador, a menos de uma situação de desastre e
penúria extrema.
Sem embargo, fundado na
malícia, no cinismo e em uma ruptura que a História só presenciou na Revolução
francesa, o Povão é a grande incógnita
que, contra tudo e contra todos, tendo a
seu lado apenas o desespero e a
falta de qualquer outra opção, que surge
a imagem da Esperança e do Poder popular.
Se esta força telúrica irá ou
não prevalecer, o menetekel não está
escrito em parede alguma. Mas talvez o
sofrimento, esse plasmador de vitórias impossíveis, surja ao lado das hordas do
desespero. E este reune as forças do
imprevisível e da surpresa. Que o Deus dos Exércitos vos ajude nesta hora que
não criastes, mas que vos desafia com a alternativa da Fome e da Morte.
(
Fonte: a história das revoluções contra as Tiranias).
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