Se há limite para tudo, não espanta que
o presidente Donald John Trump coloque tão baixo os respectivos padrões.
No longo artigo sobre a matéria feito
pelo New
York Times não nos devem tampouco surpreender as diversas exceções que o
jornal coloca, que é forma ritual do jornalismo moderno, já muito escarmentado
por supostamente não ater-se à necessária neutralidade política a ser seguida na
avaliação de controversa questão.
Apesar de haver ganho a corrida para a
Casa Branca - embora lamente ter perdido no tristemente inútil voto popular - a
raiva do vencedor só conhecerá os próprios limites, e se deve convir a
respeito que a campanha de Trump, demonizando a adversária, está bem longe do chamado
fair play. Como se pode exigir de
alguém cuja bandeira seja o militante menosprezo da adversária, que ele possa
de algum modo ter um comportamento que, de longe, se assemelhe ao respeito
devido ao contendor - que, no caso, ainda por cima, é uma senhora?
Pois o refrão da sua ignóbil investida
contra Hillary Clinton está no lock her up, como se trancafiá-la em metafórica cadeia
fosse algo adiantar na discussão dos temas da campanha.
Por isso, não deve surpreender
ninguém que o atual presidente - que já tem na ilharga um Special Counsel, que lhe faz tremer como devera diante de um
profissional do nível de Robert Mueller
III - tente o mais possível confundir as atenções, e nada lhe cairia mais a
seu gosto do que fazer perseguir judicialmente, a la Terceiro Mundo, a
candidata rival, menos para fazer-lhe mal do que para desviar os olhares dos próprios deslizes.
Recordo-me a propósito do processo
que moveu contra a candidata da oposição o presidente da Ucrânia, Viktor
Yanukovich, queridinho de Vladimir Putin.
Por um juiz submisso, Yulia Timoshenko seria 'condenada' pelo crime de
haver concorrido contra esse senhor...
Quem arrancou Yulia da cadeia na
verdade foram os ucranianos pela sublevação na praça Maidan, de Kiev, durante
todo o inverno até desembocar na revolta que expulsaria o corrupto presidente pró-Rússia Viktor Yanukovych do palácio
e da Ucrânia.
O "castigo" aplicado
aos ucranianos por preferirem a liberdade e um acordo com a União Européia, ao
invés de associar-se à modorrenta Liga aduaneira de gospodin Vladimir Putin, foi a invasão pela Rússia da Ucrânia oriental,
e a inaudita apreensão da península da Criméia por tropas com uniformes
descaracterizados - e o tirano do
Kremlin não se pejou de anexar a Criméia como se fora província russa, enquanto
até hoje prossegue a tentativa de secessão de distritos da Ucrania
oriental, estimulados pelo urso russo.
Como o
órgão principal das Nações Unidas não pode ser acionado, por causa do veto
russo, a inaudita tomada de província ucraniana como é a Criméia, foi levada à Assembléia Geral das Nações
Unidas, onde Recomendação determinou que o território seja devolvido à Ucrânia,
o que não é, no momento possível, por não ter essa disposição a força
coercitiva que teria Resolução do Conselho de Segurança.
No entanto, até hoje a
Federação Russa é castigada pelas sanções pontuais aplicadas pelo governo
Obama, que visam inclusive a cupinchas (cronies)
do Presidente Putin.
Houve também o lamentável
episódio da abstenção da diplomacia brasileira (leiam-se presidenta Dilma
Rousseff e seu fraco ministro de então) a essa recomendação que vai na
contramão plurissecular de nossos maiores, em termos de limites
territoriais. Nesse contexto, é
relevante citar artigo de Monica Herz
e João Nogueira, publicado em O
Globo de três de maio de 2014, sob o título "Os perigos do revisionismo
territorial": "A
complacência brasileira diante da intervenção na Crimeia em abril compromete a
credibilidade de uma política externa que, tradicionalmente, se pauta pela
defesa dos princípios da igualdade e da não-intervenção."
( Fontes: O Globo, The New York Times )
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