Lembram-se do solícito Nicolás Maduro
pedindo no Kremlin um empréstimo ao desconfiado gospodin Vladimir Putin?
Pois é... o falante Maduro, como todo
devedor encalacrado, é um poço de otimismo, que, sem pestanejar, pede mais uma
dinheirama ao Senhor de todas as Rússias.
Parece que o ressabiado Putin marchou
em mais uma. A lábia do ditador venezuelano deve ser das melhores, e nenhuma
dúvida ou referência negativa passa por suas palavras escorregadias, que falam
de seus haveres, e das garantias que oferece...
Foi dessa fotografia de Maduro
estendendo a mão, e de Putin, com a glacial frieza do próprio olhar, como a
perguntar-se 'será que devo? que me
veio à lembrança, ao ver no Estadão "Credor denuncia calote
venezuelano"...
De que se trata em realidade? Pois o governo da Venezuela deixou de pagar
na sexta-feira, dez de novembro os juros de compromisso contraído pela
estatal do setor elétrico, com a financeira americana Wilmington Trust, segundo informa a empresa americana com sede em
Delaware.
Nesse sentido, a empresa estatal
elétrica da Venezuela deu calote no pagamento de juros de dívida orçada em US$ 650 milhões. Segundo o credor, os juros, no montante de US$ 28 milhões, teriam de ser pagos até
a quinta-feira, nove de novembro corrente.
A antiga Eletricidad de Caracas
tornou-se a Corporação Elétrica Nacional (Corpoelec), ao ser nacionalizada pelo
caudillo Hugo Chávez.
Configurada a quebra de contrato, a
empresa credora pode processar a estatal venezuelana, se 25% dos detentores de
títulos de sua dívida concordem com uma ação judicial.
O calote não poderia cair em pior
momento. Ele acontece a três dias de reunião em Caracas, convocada pelo
presidente Nicolás Maduro, com os detentores da dívida pública venezuelana.
Pressionado pela má-gestão econômica e pelas sanções impostas pelo Presidente
Trump, o chavismo, com as costas na parede declarar querer "negociar e
reestruturar" a dívida, sem
esclarecer se haverá default ou não. Estima-se que a dívida total do país
(nessa área) seja de US$ 150 milhões.
A estatal do Petróleo, a PDVSA, deveria
pagar US$ 81 milhões de um bônus para não cair em moratória. Isto seria para
ontem, 10 de novembro. As agências Fitch,
Standard and Poor's e a Moody's rebaixaram em consequência a
classificação da dívida venezuelana em virtude de os investidores não terem
recebido US$ 1,161 bilhão de
títulos de 2017 da própria PDVSA (o
governo de Maduro diz ter começado a pagá-los na última sexta-feira)
A pedido dos credores, um comitê
de sociedades financeiras se reuniria nesta sexta-feira, dez de novembro, com a
Associação Internacional de Swaps e Derivados (ISDA), em New York, para
analisar o não pagamento do bônus 2017.
A esse propósito, a Consultoria
Capital Economics deu a seguinte avaliação: "Estamos no fim do jogo e
agora se tornou uma questão de dias, e
não semanas, até que se confirme o default
(não-pagamento)".
Com os tropeços do governo
Maduro, ou a despeito deles, o governo venezuelano deverá desembolsar nesta
segunda-feira, dia treze de novembro, outros US$ 200 milhões, além dos juros. Até o fim do ano, ao todo a Venezuela de
Maduro deverá quitar entre US$ 1,47 bilhão e US$ 1,7 bilhão, em juros relativos
aos bônus.
Nesse sentido, Andrea Saldarriaga,
analista para a América Latina do centro Atlantic
Council assim se manifestou: "A renegociação e reestruturação da
dívida tem muitos obstáculos. O cenário mais provável é uma eventual moratória".
As sanções recentemente
aplicadas por determinação do Presidente Donald Trump e que foram impostas à
Venezuela em agosto último impedem que o governo de Caracas recorra a fontes
externas de capital e proíbem que investidores americanos negociem a dívida
venezuelana.
Em consequência dessa
determinação do governo Trump, o analista Saldarriaga assevera: "Isso
dificulta chegar a um acordo com seus credores". Com efeito, 70% dos
credores de bônus são americanos e canadenses. Além disso, a tal "se soma
a falta de liquidez da Venezuela", assinalou o analista em tela.
Mas tendo presente o drama
(ou tragédia) da Venezuela chavista, e com a economia devastada (pela ladroagem
e a má-gestão econômica) as reservas internacionais são de apenas US$ 9,7 bilhões, o que já diz o suficiente sobre a péssima
qualidade da gestão dos fundos da economia (?) venezuelana. No próximo ano de
2018 terá de pagar cerca de US$ 8
bilhões!
E como se tal não bastasse, o presidente Nicolás Maduro nomeou como principal negociador da dívida
(ou descalabro) da pobre Venezuela o vice-presidente Tarick El-Aissami, justamente a quem o Governo de Donald J. Trump determinara a respectiva
inclusão em lista de funcionários venezuelanos proibidos de
participarem de tais negociações, por
envolvimento em tráfico de drogas...
( Fonte: O Estado de S.
Paulo )
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