Prossegue o desgoverno de Nicolás
Maduro. O deputado José Guerra,
presidente da Comissão de Finanças da Assembleia Nacional da Venezuela disse
ontem à imprensa que a inflação deste ano fechará o ano acima de 2000%, segundo
estimativas do Legislativo.
A Assembleia Legislativa é o único poder
ora controlado pela Oposição. A sociedade venezuelana, se tal necessário
fosse, se empapa na experiência do caos, como ambiente de um país, que por uma
série de fenômenos estaria sob o relativo pleno domínio da corrupta chavista,
em um ambiente no qual o ditador/presidente Nicolás Maduro procura transmitir a
impressão da normalidade do caos - que é a tradução na realidade de uma mistura
da generalizada incompetência, com a corrupção em todas as esferas do poder
nacional.
Com o avanço - na verdade, a vertiginosa
queda - das estruturas e regras da normalidade do caos, em meio ao turbilhão do desgoverno
hiper-inflacionário, os tempos se vão reduzindo, enquanto as ditas máximas
autoridades 'brincam' com o seu pequeno universo, e o respectivo controle de
tais senhores, com a figura do
ditador/presidente lutando para dar a impressão de que disponha de alguma
fração de controle sobre o prevalecente turbilhão.
Talvez no futuro a sociedade na
Venezuela possa habilitar estudiosos a introduzir novos conceitos sobre a
híperinflação, mormente em país subdesenvolvido, que na prática é escravo de
uma mono-cultura, que se desvirtua diariamente, impelida pela absoluta falta de
regras da mesma corrupta sociedade, em que, além de seu indivíduo-presidente,
há outros entes que apresentam condições de lucrar objetivamente no atual
inferno, ainda que, sob os termos de absoluta falta de condições de uma
situação que involui de modo a não permitir que nenhum dos dirigentes possa
dispor de um horizonte previsível.
A chamada constituinte lumpen - ou aquela que Maduro terá julgado pudesse
transformar na sua máquina mágica - pode ser uma maravilha para a sua serva-presidenta
Delcy Rodriguez, que tomou posse, após a fraudulenta eleição dos respectivos
constituintes, e se pôs à obra na tarefa de tentar desconstruir a Assembléia
Legislativa - que, por ser legítima e na mão da Oposição, carecia de ser
esvaziada da forma mais rápida.
Tudo em sociedade como a atual da
Venezuela será uma mistura de propostas demagógicas dessa constituinte
fabricada pela fraude, e que passa ao trabalho de desconstruir a realidade
venezuelana.
São boas as perspectivas da Falsa
Constituinte, porque a realidade na Venezuela já entrou na área da ficção, e
todas as estruturas e os diplomas legais
a elas relativos carecem de uma característica básica dos demais órgãos
constitucionais nos outros países.
A realidade na Venezuela é uma criatura
da ficção, e como tal lhe falta um predicado básico que pode ser encontrado no
restante do mundo. Falta a essa suposta realidade a característica da
permanência conjugada com uma razoável expectativa de duração.
Assim, apesar dos fardados militares lhe
prestarem continência, o ditador Maduro tem pela frente um sério problema, que
se a história do mundo merece crédito, é a previsão de sua potencial capacidade
de resistência ao desafio da realidade, que no momento se aproxima de zero.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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