sábado, 4 de novembro de 2017

Por onde anda Cesare Battisti ?

                                  

        Eis uma pergunta que tenho procurado responder. De qualquer forma, não é necessário ser nenhum vidente para não ter uma visão otimista do futuro desse perseguido internacional, personagem de tempo já distante na velha Itália, aquele delle Brigate Rosse, de que o personagem menor Cesare Battisti lograra por um tempo escapar em termos de suposto acerto de contas, por meio da fuga para a França de François Mitterrand, que o acolhera.
        Dada a relevância daquele Presidente, os anos que passara em França sob a sua proteção foram tranquilos para Battisti, não ousando a Justiça italiana buscar o castigo para esse personagem menor daquele confuso período que atravessara a Itália.
       Mudou a atmosfera com a partida do Presidente Mitterrand,  e o perseguido Battisti voltou a sê-lo.
       Buscou então o Brasil e colheu do Presidente Lula da Silva, em fim de mandato, o perdão que,  por motivos vários, lhe havia sido negado pelos poderosos de turno.
       Depois de um episódio mal-esclarecido,  parece que os seus perseguidores têm boas possibilidades de satisfazer uma sede que - apesar de deslocada e injusta - encontra agora entre gente que nada têm a ver com a força e o respeito do Presidente Mitterrand a oportunidade rara de saciar uma velha vingança, cozinhada nas enferrujadas panelas de antigos ódios que buscam nesse personagem menor e na aparência desvalido a oportunidade de jogá-lo aos pés da Justiça, que não mais semelha ter os olhos vendados.
        Pouco importa para essa gente que se diz sedenta de justiça,  que o flagrante seja de dúbia qualidade,  por certo ajudado pelas características de mais esse perseguido, vítima demasiado crédula de quem oferece  dúbias oferendas.  Com a partida - e faz muito - do grande protetor, cresceu a fome de seus perseguidores.
        Na verdade, não é a ele, pobre diabo que é,  o real perseguido. Em um deserto de homens,  a memória se reacende, e se não há reais culpados, a oportunidade lhes parece demasiado ao alcance.
         Battisti, na verdade, é vítima de velhos rancores.  À breca com aqueles que escaparam, se a caça ora lhes pareça válida,  apesar do pobre diabo que é, na verdade. Refugiado da vida, ele o era no Brasil. Quem houver acreditado no ouropel de falsas promessas e de ódios  demasiado verdadeiros, de que ele parece ser o infeliz destinatário da vez, que se prepare.                       


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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