Eis uma pergunta que tenho procurado
responder. De qualquer forma, não é necessário ser nenhum vidente para não ter
uma visão otimista do futuro desse perseguido internacional, personagem de tempo já distante na velha Itália, aquele delle
Brigate Rosse, de que o personagem menor Cesare Battisti lograra por um tempo escapar em termos de suposto
acerto de contas, por meio da fuga para a França de François Mitterrand, que o
acolhera.
Dada a relevância daquele Presidente,
os anos que passara em França sob a sua proteção foram tranquilos para
Battisti, não ousando a Justiça italiana buscar o castigo para esse personagem
menor daquele confuso período que atravessara a Itália.
Mudou a atmosfera com a partida do
Presidente Mitterrand, e o perseguido
Battisti voltou a sê-lo.
Buscou então o Brasil e colheu do
Presidente Lula da Silva, em fim de mandato, o perdão que, por motivos vários, lhe havia sido negado pelos
poderosos de turno.
Depois de um episódio
mal-esclarecido, parece que os seus
perseguidores têm boas possibilidades de satisfazer uma sede que - apesar de
deslocada e injusta - encontra agora entre gente que nada têm a ver com a força
e o respeito do Presidente Mitterrand a oportunidade rara de saciar uma velha
vingança, cozinhada nas enferrujadas panelas de antigos ódios que buscam nesse
personagem menor e na aparência desvalido a oportunidade de jogá-lo aos pés
da Justiça, que não mais semelha ter os olhos vendados.
Pouco importa para essa gente que se
diz sedenta de justiça, que o flagrante
seja de dúbia qualidade, por certo
ajudado pelas características de mais esse perseguido, vítima demasiado crédula
de quem oferece dúbias oferendas. Com a partida - e faz muito - do grande protetor, cresceu a fome de seus
perseguidores.
Na verdade, não é a ele, pobre diabo que é, o real perseguido. Em um deserto de
homens, a memória se reacende, e se não
há reais culpados, a oportunidade lhes parece demasiado ao alcance.
Battisti, na verdade, é vítima de velhos rancores. À breca com aqueles que escaparam, se a caça
ora lhes pareça válida, apesar do pobre
diabo que é, na verdade. Refugiado da vida, ele o era no Brasil. Quem houver
acreditado no ouropel de falsas promessas e de ódios demasiado verdadeiros, de que ele parece ser
o infeliz destinatário da vez, que
se prepare.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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