Há
muito tempo que não via o pintor Krajsberg. Sabia que morava parte do ano na
Bahia, em uma cabana em propriedade campestre,
que nunca vi, mas imagino tão austera e simples quanto ele gostava seja
dos quadros, seja das suas esculturas telúricas, feitas com a singeleza dos
cascalhos e das plantas recurvadas do semiárido.
Hoje
me chegou pelo Jornal Nacional a má nova de sua morte. Com o físico hirto e
magro testado pelo desafio da adversidade,
o polonês Krajsberg amava o Brasil e os campos abertos do selvagem semiárido.
E, no
entanto, quando o conheci, vivia em Paris e tinha uma namorada francesa. Aliás, estávamos em 1964, e havia muita gente das artes vinda do Brasil
que se congregara naquela cidade que
acolhe os artistas sem fazer perguntas.
Tecemos uma amizade sem maiores compromissos, mas quando o encontrava
não nos faltava assunto. Naquele tempo, as artes brasileiras, sobretudo
pintores e Krajsberg o era também,
apesar de sua evolução para a escultura sui-generis feita de pedras e de
raízes. Nas festas, que em geral dava Bandeira, conversávamos. Até que ele voou e os abraços rarearam.
Ouvia falar dele (sempre bem), e só me apenou a hora ruim que passou, no
seu sítio, quando gente ruim o maltratou. Mas graças a Deus escapou.
Chegou
a tua hora de descanso. Que tenha
pedras, madeira rugosa, o ar livre da natureza.
Senão, sei que darás um jeito, para fazê-la à tua feição. Arte tens e muita.
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